Astrónomos ao serviço da Agência Espacial dos EUA (NASA) anunciaram no Twitter a descoberta de um asteroide que, nos últimos três anos, tem vindo a acompanhar a Terra no seu percurso pelo Espaço.
Os astrónomos admitem que o asteroide possa ter sido aprisionado pelas forças gravitacionais da Terra. Seguindo a nomenclatura da astronomia, o curioso corpo celeste foi prontamente batizado de 2020 CD3, mas também há quem fale de uma “minilua”. O que pode ser encarado como potencialmente enganoso: ao contrário da Lua, o curioso asteroide poderá não prolongar-se por muito mais tempo em órbita em torno da Terra, e tem dimensões tão diminutas que, em vez de “minilua”, talvez fizesse sentido ser alcunhado de “microlua”.
A descoberta foi levada a cabo pelos astrónomos Kacper Wierzchos e Teddy Pruyne no Centro de Análise dos Céus de Catalina, que é financiado pela NASA. Os dados recolhidos levam a crer que o 2020 CD3 tem entre 1,9 e 3,5 metros de diâmetro – o que, na mais reduzida das hipóteses, significa que poderá ser mais pequeno que a cama de um jogador de basquete dos mais altos.
As escassas dimensões e também o facto de os asteroides nem sempre produzirem grandes reflexos da luz do Sol, terão contribuído para a relativa discrição desta potencial microlua. De resto, os próprios astrónomos admitem ainda que teoricamente o asteroide de que agora se fala pode não ser um… asteroide.
“Até à data, o 2020CD3 não parece ser uma componente da fuselagem de uma qualquer nave perdida, mas também não temos ainda dados que permitam afastar essa hipótese”, referem os dois astrónomos citados pelo Cnet.
O 2020 CD3 foi detetado nas imediações da área dominada pela gravidade da Terra. Apesar de ter surpreendido a comunidade internacional, o asteroide está longe de ser um “habitante” único no local: os astrónomos acreditam que há milhões de corpos celestes similares naquela região espacial, mas também lembra que quase todos costumam seguir para outras paragens pouco depois de chegarem.
Também é possível que o 2020 CD3 acabe por sair do campo gravitacional da Terra, mas o facto de contrariar as estatísticas e apresentar uma trajetória que assume na atualidade indiciar que já completou, juntamente com o nosso planeta, três anos (ou três translações) de viagem terão contribuído para o destaque mediático.
A larga maioria dos corpos celestes de pequena dimensão são atraídos para dentro da atmosfera terrestre, onde literalmente se desfazem com o atrito da atmosfera terrestre que é gerado pela alta velocidade com que seguem em direção ao planeta.
Os corpos celestes que não têm este desfecho apreciado pelos fãs de “estrelas cadentes” seguem uma órbita parcial da Terra até deslizarem para fora da força gravitacional do Planeta e seguirem rumo ao sabor das diferentes forças que forem encontrado enquanto perambulam pelo Espaço.
Só mesmo uma percentagem ínfima apresenta um comportamento similar ao do 2020 CD3. O LiveScience recorda um estudo realizado em 2012, com recurso a sistemas de simulação computacional, que concluía que em 10 milhões de asteroides virtuais, apenas 18 mil poderia qualificar-se como miniluas que acompanham a Terra nas respetivas órbitas.
Também foi devido a uma simulação computacional que os investigadores do Centro de Análise dos Céus de Catalina concluíram que o 2020 CD3 é, possivelmente, uma “visita” um pouco mais prolongada – mas que deverá sair da órbita da Terra em abril. O que cria um “contrarrelógio científico” para a comunidade de astrónomos que pretenda estudar este asteroide celeste com o objetivo de conhecer as relações estabelecidas entre a Terra e outros corpos celestes.
O 2020 CD3 não é o único asteroide a ser classificado como potencial minilua. Na década passada, foi detetado um asteroide conhecido como RH120. Este asteroide orbitou em torno da Terra entre 2006 e 2007.