Pelas contas da NASA, a sonda espacial Dragonfly só deverá chegar em 2034 às imediações da lua de Saturno que dá pelo nome de Titã. Pelo que, antes de a sonda espacial fazer história, a expectativa da comunidade científica terá de se centrar no primeiro mapa geológico do satélite natural que a agência espacial americana acaba de anunciar.
O mapa, que tem por base dados recolhidos por radares, infravermelhos e outros instrumentos a bordo da sonda espacial Cassini entre 2004 e 2017, confirma Titã como o segundo maior satélite natural do sistema solar (o maior é Ganímedes, que orbita em torno de Júpiter), tendo um diâmetro de 5150 quilómetros, e uma superfície e um subsolo que aparentemente são ricos em materiais orgânicos derivados do carbono – o que poderá ser indicativo da existência de vida no local.
Em declarações para a Agência Reuters, Rosaly Lopes, cientista brasileira ao serviço da NASA, recorda que por baixo da camada gelada que hoje reveste Titã é possível que haja um oceano líquido que recebe os vários componentes orgânicos que são depositados à superfície.
O facto de haver bactérias na Terra que se alimentam em exclusivo de componentes orgânicos como os hidrocarbonetos levam a comunidade científica a manter como possível a existência de vida em Titã. «Os materiais orgânicos são muito importantes para a possibilidade de existência de vida em Titã, que é algo que muitos de nós acreditamos que é provável ter evoluído no oceano de água que se encontra sob a crosta gelada de Titã», referiu a Rosaly Lopes à Reuters.
Há muito que as características tornaram Titã como o corpo celeste do sistema solar que, aos olhos dos especialistas, tem maior probabilidade de existência de vida extraterrestre. Esta lua de Saturno tem ainda em comum com a Terra a existência de grandes quantidades de líquidos considerados estáveis.
Quanto à superfície: estima-se que seja dominada por grandes planícies, que cobrem 65% da superfície. Cerca de 17% do território é ocupado por dunas de metano e hidrocarbonetos que se encontram junto ao equador, e cerca de 14% estão descritos como área de montanhas, eventualmente, geradas por grandes quantidades de água gelada, devido à exposição às baixas temperaturas locais.
Segundo os cientistas da NASA, Titã também tem chuvas – mas em vez de água, é metano e etano (que na Terra costumam ser usados em estado gasoso) que caem do céu, com maior abundância nos polos que, devido a essa tendência, albergam os maiores lagos de metano desta já famosa lua de Saturno.
Muitos destes dados deverão ser confirmados ou negados em 2034 com a chegada da missão espacial Dragonfly, que tem como atrativo o recurso a um drone para a observação e captação de dados de Titã. A descolagem deverá ocorrer dentro de sete anos.