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Há a dobragem. E há a dobragem de nova geração que a Disney pretende desenvolver nos tempos mais próximos. A dobragem tradicional apenas pretende traduzir ou melhorar a qualidade dos diálogos de atores ou intervenientes de um vídeo; o novo sistema de dobragem da Disney põe essas mesmas pessoas a dizerem coisas que, originalmente, não disseram – mesmo que não façam qualquer sentido.
Confuso? No vídeo inserido nesta página pode descobrir um exemplo do que o novo software da produtora de Hollywood é capaz. Frente à câmara, um voluntário pronuncia duas palavras em inglês: «clean swatches». O som desta “fala” é, num primeiro passo, sintetizado e depois processado por uma aplicação que regista os movimentos dos lábios e dos maxilares e procura palavras que poderão exigir os mesmos movimentos da boca.
Terminada a pesquisa, a aplicação passa à sobreposição das palavras pronunciadas com voz sintetizada e as imagens da pessoa a falar. O que significa que, no primeiro exemplo aqui descrito, a boca do voluntário pronuncia «clean swatches», mas as palavras escutadas podem ser «thence to what saw»; «laques rush to»; «die swat saw»; ou qualquer outra das 9658 combinações de palavras que o software detetou como podendo ser proferidas com os mesmos movimentos da boca.
De acordo com a BBC, o sistema está preparado para evitar incongruências gramaticais – o que não evita as incongruências semânticas, causadas por palavras que nem sempre fazem sentido. A Disney desenvolveu a nova aplicação com o propósito de tornar as dobragens mais credíveis – mas também admite que ainda terá muito trabalho pela frente até conseguir que todos os diálogos de uma longa metragem sejam dobrados recorrendo a esta tecnologia.