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Feathering: a palavra inglesa pode ter vários significados; na gíria da indústria espacial, feathering designa a ação de reposicionamento das asas de um vaivém ou de uma nave espacial quando reentra na atmosfera terrestre. No caso da SpaceShipTwo, a nave do projeto espacial da Virgin Galactic que se despenhou na sexta-feira num deserto da Califórnia, sabe-se que o feathering das asas terá sido ativado pelos pilotos um pouco antes do momento pretendido.
Os dados recolhidos, durante o voo, pelos sistemas de telemetria e transmissão de vídeo já começaram a ser analisados pelos peritos do Conselho Nacional de Segurança dos Transportes dos EUA (NTSB).
A SpaceShipTwo deveria desacoplar da “nave mãe” WhiteKnightTwo a 100 quilómetros de altitude, para depois reentrar na atmosfera terrestre e ativar o feathering para promover uma rotação de 65 graus das asas e assim permitir uma descida mais lenta e estabilizada. Os manuais de instruções da Virgin Galactic recomendam que a rotação das asas seja ativada a uma velocidade de 1.4 mach; os dados recolhidos durante o voo mostram que esta rotação terá sido acionada por um dos pilotos quando a velocidade relativamente ao som ainda não superava 1 mach.
Será suficiente para confirmar um erro humano neste acidente que vitimou o copiloto Michael Alsbury e provocou ferimentos no piloto Peter Siebold? Christopher Hart, da NTSB, lembrou ontem que é ainda premature para tirar uma conclusão. «Estamos muito longe de descobrir a causa, ainda temos vários meses de investigação para fazer», referiu o perito citado pela NewScientist.
Em paralelo com a ativação do feathering antes do previsto, confirmou-se, a partir dos destroços da nave encontrados no deserto do Mojave, que o motor da SpaceShipTwo, que tinha sido alterado recentemente para passar a funcionar com uma mistura de combustíveis, estava intacto – o que aparentemente afasta a hipótese de que o motivo da queda estaria relacionado com falha de motor.
Em comunicado, a Virgin Galactic reiterou estar a cooperar com a NTSB para apurar as causas da queda da nave espacial e lembrou que o acidente não vai pôr termo ao programa espacial delineado pela companhia. Atualmente, está construída a 65% uma segunda SpaceShipTwo, informou a empresa de Richard Branson.