Depois dos primeiros testes realizados com porcos nas salas de cirurgia do do Centro de Investigação em Ciências da vida e da Saúde, em Braga, os investigadores do IPCA e da UMinho começaram a trabalhar com o objetivo de garantir a certificação para ensaios em humanos de um sistema que indica o caminho mais direto para pedras no rim num tempo médio de 17 segundos.
«Estamos a fazer afinações no sistema e analisar o que precisamos de fazer para obter o certificado para os testes em humanos. É um processo que ainda poderá demorar dois a três anos», refere João Vilaça, diretor dos cursos de Licenciatura e Mestrado de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores do IPCA.
Atualmente, a extração de pedras nos rins pressupõe uma “picada” com uma agulha de 20 centímetros na zona lombar do paciente com o objetivo abrir caminho aos instrumentos de cirurgia que deverão proceder à remoção das denominadas pedras. O processo de punção percutânea pressupõe o uso de laser, e depende muito da experiência do cirurgião. Em média, a punção demora cerca de meia hora.
Tendo por ponto de partida as tecnologias que têm vindo a ser trabalhadas durante a tese de doutoramento de Pedro Rodrigues, os investigadores do IPCA desenvolveram em parceria com investigadores da UMinho uma solução que permite sinalizar num ecrã de computador a trajetória que deve ser seguida pela agulha que executa a punção percutânea: a solução pressupõe o uso de uma ferramenta similar a um endoscópio que é inserido pela uretra, em direção à bexiga, e que da bexiga segue pelo uréter em direção ao rim.
Esta ferramenta similar ao endoscópio está equipada com uma câmara e ainda um sensor que permite obter as coordenadas de localização e orientação no interior do corpo do paciente face a um ponto de referência que se encontra no exterior.
O método desenvolvido pelos investigadores minhotos prevê ainda a colocação de um sensor similar na ponta da agulha que faz a punção percutânea. O cirurgião apenas tem de encaminhar o sensor que se encontra na ponta da agulha em direção ao sensor que está na extremidade do endoscópio (e que está no interior do rim) para alcançar o ponto indicado para proceder à punção. Para alcançar o “alvo” desejado, deverá seguir uma trajetória virtual calculada automaticamente pela plataforma criada no IPCA. O cirurgião pode ver a posição dos dois sensores e o caminho virtual gerado pela plataforma através de um ecrã colocado na sala de operações.
«Podemos vir a sinalizar a aproximação dos dois sensores através de beeps que funcionam de forma similar às dos sensores de estacionamento, ou então através de imagens de duas dimensões ou de 3D. São opções que estamos a estudar», explica João Vilaça .
Os investigadores do IPCA e da UMinho têm em vista o registo de patentes para algumas das características desta solução que acelera o processo de localização de pedras nos rins. João Vilaça, orientador da tese de doutoramento de Pedro Rodrigues, acredita que, caso os testes com humanos sejam bem sucedidos, o primeiro produto comercial poderá chegar, dentro de cinco anos, às salas de operações.
Segundo o docente do IPCA são várias as vantagens desta nova solução: «Além de evitar que doente e cirurgião se exponham à radiação, esta solução tem a vantagem de reduzir o tempo necessário para a extração de uma pedra num rim e de libertar a sala das operações para outras cirurgias. A punção percutânea exige muito treino e a nossa solução pode facilitar o trabalho para os médicos que têm menos experiência», conclui João Vilaça.
Nesta página, pode uma imagem captada numa sala de operações do Hospital de Braga durante um ensaio da nova tecnologia criada pelo IPCA e pela UMinho. O ensaio foi realizado num porco.