Podem as redes de telemóveis prejudicar a saúde? E o Wi-Fi que efeitos tem para o corpo humano? As questões não são novas, mas deverão obter novas respostas dentro de três anos com a conclusão do projeto LEXNET (de Low EMF Exposure Future Networks). O projeto de investigação reúne 17 entidades europeias e tem já definidos dois objetivos primordiais: medir a exposição a campos eletromagnéticos das redes sem fios em vários cenários típicos do quotidiano; e desenhar um algoritmo que permita que as antenas retransmissoras reduzam em 50% as radiações que emitem no espaço envolvente.
O projeto vai contar com a participação de quatro investigadores do INOV-INESC, que se vão juntar a operadores, fabricantes e universidades de vários países no desenvolvimento de mecanismos que possam assegurar uma redução das radiações emitidas por redes de telemóveis, GSM, Wi-Fi, rádio da proteção civil, entre outras.
Luís Correia, investigador coordenador do INOV-INESC, acredita que o projeto pode revelar-se útil para o futuro da indústria: «Há que tomar medidas que permitam evitar que a proliferação de redes radiantes, que seguramente vai ocorrer nos tempos mais próximos, não contribui para um aumento da exposição às radiações. O final do projeto não tem de terminar com o desenvolvimento de um produto, mas há o objetivo de definir recomendações que podem ser enviadas para os organismos responsáveis pela normalização e standards de equipamentos (que se ligam às redes sem fios)».
Para medirem a exposição aos campos eletromagnéticos, os investigadores portugueses vão fazer testes com humanos e ainda simulações em computador, em vários cenários típicos do dia-a-dia. O INESC INOV ainda não fez as medições, mas Luis Correia está convicto de que apenas em casos raros e excecionais as radiações das redes móveis se aproximam dos máximos recomendados: «Os valores máximos recomendados estão fixados em 28 volts por metro. Uma pessoa falar ao telemóvel é exposta a 0,5 volts por metro, no máximo. Eventualmente, se houver mais pessoas a falarem ao telemóvel ao mesmo tempo a exposição pode aumentar um pouco».
Os algoritmos desenvolvidos no âmbito do LEXNET deverão dotar as fabricantes de equipamentos e operadores de redes sem fios dos automatismos necessários para reduzir em 50% a potência usada e, por consequência, as radiações emitidas pelas diversas antenas.
Com base na informação relativa ao funcionamento e às características dos retransmissores que se encontram nas imediações, os algoritmos ficam em condições de garantir ganhos no que toca à energia consumida e ao funcionamento das redes. «Ao conjugar os diferentes sistemas e tecnologias, torna-se também possível não só reduzir as radiações, mas também evitar interferências entre os vários equipamentos que usamos no dia-a-dia», conclui Luís Correia.
O projeto já avançou para o terreno com um inquérito em que qualquer internauta pode participar.