A primeira célula sintética não mede mais de 70 micrómetros (0,07 milímetros) e tem um núcleo azulado, que se adequa ao carácter futurista da invenção.
Craig Venture já fez questão de sanar qualquer dúvida e, aos meios de comunicação social, nega ser o "pai da primeira forma de vida artificial", pois apenas pode ser considerado o mentor da criação da primeira célula sintética.
Quanto à paternidade, Craig Venter fez um esclarecimento reproduzido pela News Scientist: "É a primeira célula sintética deste planeta que se auto-replica e que tem um pai que é um computador".
Mesmo não sendo considerada uma forma de vida artificial, a primeira célula sintética não deixa de levantar questões filosóficas, devido ao carácter revolucionário da inovação alcançada pelos laboratórios J. Craig Venter em Rockville e San Diego, nos EUA.
Num artigo publicado na revista Science, os investigadores explicam que começaram por replicar, a partir de cálculos computacionais, várias parcelas de ADN sintetizado de uma bactéria que afecta os caprinos e que dá pelo nome de Mycoplasma mycoides.
Calculado o ADN no computador, a equipa de liderada por Venter recorreu a compostos químicos para "dar um corpo" ao genoma das novas células sintéticas.
Posteriormente, a equipa de Craig Venter pegou nos segmentos sintéticos que replicam a identidade genética da bactéria Mycoplasma mycoides numa célula "hospedeira". Resultado: o nascimento da primeira célula sintética, que não tardou em replicar-se em milhões de outras iguais, que têm por elementos identificativos os nomes dos investigadores que participaram no projecto e também algumas frases lapidares que fizeram a história da literatura ou da ciência.
Além de criar a primeira célula sintética, Craig Venter já tem um lugar assegurado na história por ter levado a cabo o primeiro transplante de cromossoma entre células de diferentes espécies.
O feito demorou 15 anos a ser alcançado e custou mais de 40 milhões de dólares, mas faz jus a uma das frases que a equipa de investigadores norte-americanos retirou de um romance de James Joyce, para inserir nos marcadores da nova célula: "Viver, ser errante, cair, triunfar, e recriar a vida fora da vida".
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