A declaração é do professor Paul Davies, físico da Universidade do Arizona,
em entrevista à BBC . Segundo o especialista, a chamada shadow life, ou “vida sombra”, uma nova actividade biológica, pode estar escondida em lagos contaminados por arsénico (um semi-metal) ou em outras situações adversas nas profundezas oceânicas. O físico sugere que esta forma estranha de vida pode estar a residir entre nós de maneira que ainda não reconhecemos e, por isso, desafia outros cientistas a realizarem uma legítima missão terrestre em busca de sinais de bioatividade em ambientes hostis. A vantagem da expedição, ainda segundo as palavras do cientista, seria o custo bastante baixo, se comparado com o que é gasto em viagens espaciais com o objectivo similar de procurar novos sinais de vida. O estudo baseia-se na teoria de que a evolução da vida na Terra pode ter acontecido mais de uma vez. É o que o investigador pretende chamar de “segunda génese”. Os habitantes destas novas formas de vida, sugere Paul Davies, têm uma bioquímica bem diferente da humana. Elementos comuns a vida terrestre, como carbono, fósforo, hidrogénio, nitrogénio e oxigénio poderiam ser substituídos por outra coisa. É aí que entra o exemplo do arsénio. Apesar de tóxico aos humanos, o elemento pode, com suas propriedades químicas, alimentar o organismo de um micróbio, por exemplo. Paul Davies, aliás, já encontrou um lago fortemente contaminado na Califórnia, o Lago Mono, onde a abundância de arsénio permite que microorganismos obtenham energia a partir desse elemento químico.