O asteroide 2024 YR4 foi descoberto no final do ano passado e a comunidade começou a monitorizá-lo com atenção. Nas últimas semanas, foram avançadas várias probabilidades de uma possível colisão com a Terra, oscilando de 1,9% para os 3,2%. A colisão não seria catastrófica a nível global, mas poderia causar danos regionais significativos e dar-se-ia em dezembro de 2032. Agora, a estimativa mais recente da NASA aponta para uma probabilidade de apenas 0,0039%, ou seja, 1 em 26 mil, o que é significativamente baixo.
O que este episódio realça é que é expectável que, a partir daqui, se registem mais situações semelhantes. Asteroides com estas dimensões, entre 40 e 100 metros de diâmetro, são suficientes para causar destruição a nível local ou regional, mas difíceis de captar pela maioria dos telescópios existentes. Richard Binzel, um dos maiores especialistas neste campo, explica ao ArsTechnica que “um objeto do tamanho do YR4 passa sem perigo na região entre a Terra e a Lua várias vezes por ano. Este episódio é apenas o início para os astrónomos terem capacidade para ver estes objetos antes de eles aparecerem”.
Com o aparecimento de telescópios cada vez mais potentes e capazes, aumentam as probabilidades de os cientistas detetarem este tipo de objetos. O observatório Vera C. Rubin, no Chile, está quase completo e tem como objetivo científico principal a descoberta de pequenos asteroides perto da Terra e deve, provavelmente, encontrar muitos destes. Daqui a dois anos, o NEO Surveyor da NASA vai ser lançado e procurar por ameaças no Sistema Solar e, em 2027 também vai ser lançado o telescópio espacial Nancy Grace Roman destinado a encontrar possíveis ameaças para a Terra, elenca o ArsTechnica. Com todos estes aparelhos disponíveis, é provável que se encontrem entre 10 e 100 vezes mais objetos como o 2024 YR4. “Tal como com o YR4, com um pouco de tempo e monitorização paciente, vamos ser capazes de descartar completamente qualquer perigo”, conta Binzel.
Este tipo asteroides e trajetórias são classificados na escala de Torino, de acordo com a probabilidade de colisão, em que 0 é sem impacto e 10 é o equivalente a destruição massiva. A escala considera a probabilidade de impacto e a libertação de energia cinética que o impacto provocaria. O 99942 Apophis foi o que recebeu uma classificação mais alta, de 4, durante alguns dias após a descoberta em 2004. Uma análise posterior mostrou que deve voltar a aproximar-se da Terra em 2036, mas não colidir com o planeta. Nesta escala, o YR4 chegou a ser classificado como 3, mas agora está como 0.