A missão espacial Euclid já começa a dar frutos, com a publicação da ‘primeira página’ do atlas cósmico criado com recurso às imagens captadas pelo telescópio. O gigantesco painel, um mosaico de 208 gigapixéis, foi apresentado no Congresso Astronáutico Internacional, em Milão, e contém o resultado de 260 observações realizadas entre 25 de março e 8 de abril deste ano. Nestas duas semanas, o telescópio cobriu uma área equivalente a 500 vezes o tamanho da Lua.
A ESA estima que estas observações representem apenas 1% do que o Euclid vai ser capaz de captar nos próximos seis anos. “Esta imagem estonteante é o primeiro pedaço de um mapa que em seis anos irá revelar mais de um terço do céu. Isto é apenas 1% do mapa e já está repleto de uma variedade de fontes que ajudarão os cientistas a descobrir novas formas de descrever o universo”, afirma Valeria Pettorino, cientista do projeto, citada em comunicado.
O telescópio vai ser capaz de observar formas, distâncias e o movimento de milhares de milhões de galáxias situadas até uma distância de 10 mil milhões de anos-luz e assim criar o maior mapa cósmico tridimensional até à data.
Este trabalho vai permitir aos cientistas investigar os mistérios em torno da matéria negra e energia negra, conhecidas coletivamente como o universo negro. A câmara deste telescópio com 600 megapixéis é capaz de gravar luz visível e luz infravermelho através de um espectrómetro, o que permite medir as mudanças nos comprimentos de onda de luz que nos chega de galáxias distantes.
As observações possibilitam a medição também do efeito da energia negra, a força que conduz a aceleração do universo. Nas imagens reveladas, é possível detetar-se nuvens ténues entre as estrelas da nossa galáxia, com uma luz azulada e que foram capturadas na imagem graças à câmara super sensível do Euclid e porque refletem a luz ótica da Via Láctea.
A missão Euclid foi lançada em julho de 2023, começou as observações a 14 de fevereiro deste ano e é o resultado do trabalho de mais de dois mil cientistas, de 300 institutos em 15 países europeus, EUA, Canadá e Japão.