A Vast mostrou imagens e vídeos da sua primeira estação espacial, que deve ser colocada em baixa órbita já no próximo ano, à boleia de um foguetão Falcon da SpaceX e receber os primeiros turistas espaciais em 2026. À primeira vista, destacam-se os painéis em madeira e a luz amarela quente e envolvente, num design que privilegia o luxo e o conforto.
A empresa mostrou um interior que se assemelha a um hotel, destacando que as placas de madeira adicionam elegância. Para maior conforto, há um sistema de cama com um edredon capaz de insuflar e criar uma pressão uniforme para noites de sono descansado. Hillary Coe, a responsável pelo departamento de design e marketing da Vast, conta à Wired que “os astronautas dão pequenos risinhos quando vêm aos nossos escritórios e veem o sistema de sono – adorariam ter tido um destes [durante as suas missões]”. Coe já trabalhou cinco anos na SpaceX e assumiu também posições na Starlink, na Google e na Apple.
Veja a Haven-1 com mais detalhe
A Vast foi fundada pelo bilionário das criptomoedas Jed McCaleb, que transformou o site Mt. Gox no primeiro mercado de Bitcoin e tem uma fortuna avaliada em 2,9 mil milhões de dólares. A startup, criada em 2021, contou com quatro ex-funcionários da SpaceX logo de início, para desenhar sistemas, projetar a construção e trabalhar na engenharia necessária para criar estações espaciais de gravidade artificial.
“Em termos de futuro a longo prazo para a Humanidade, vamos ter de viver fora da Terra eventualmente”, vaticina McCaleb que pretende ajudar a explorar o Sistema Solar em busca de “energia e matéria que possa suportar muitas ‘Terras’”.
Apesar do look descontraído e luxuoso, a Haven-1 pretende ser uma séria plataforma de investigação, desenhada para confortáveis missões de longo curso: “Julgo que os nossos astronautas privados vão querer contribuir para a inovação científica (…) Vão querer sentar-se no laboratório Haven-1 e ajudar a encontrar a cura para o cancro; podemos cultivar células de pele humana muito mais rápido em microgravidade”, afirma o responsável. “E este é o tipo de inovações de investigação que queremos disponibilizar às pessoas que vão para a Haven-1. Irão para estadias mais prolongadas e não apenas para ter uma vista rápida da Terra a partir do espaço. Esta não é uma atração de feira popular”.
Veja o vídeo
O preço de cada bilhete ainda não é conhecido, mas numa primeira fase as passagens para a estação devem destinar-se a um público mais endinheirado, com Coe a reforçar que “o nosso objetivo de longo prazo é que qualquer pessoa possa experimentar o Espaço”, admitindo que “é claro, no início, irá haver um preço que a maior parte de nós não consegue suportar, mas, com o passar do tempo, à medida que se torna menos caro colocar a Haven-1 em baixa órbita, o acesso vai ser maior e maior”.
As primeiras estadias espaciais devem durar dez dias e contam com quatro lugares cada. Os astronautas privados vão receber formação em segurança, mas não terão a possibilidade de controlar a missão ou de pilotar.
A conceção da Haven-1 teve em conta o feedback recebido de astronautas da NASA que já voaram para o espaço. “Vai ser possível controlar aspetos como a temperatura e a iluminação. Um feedback importante que recebemos dos astronautas da Estação Espacial Internacional é a regulação adequada dos ritmos circadianos. Prestámos muita atenção para assegurar coisas como o tipo certo de iluminação para assegurar que a vida a bordo é o mais normal possível”.
“Desde a comunicação e conectividade, aos espaços privados e interações com outros a bordo, para avançar o progresso humano na Terra e mais além, todos os detalhes [da Haven-1] foram desenhados com a experiência dos astronautas no meio”, realça Andrew Feustel, astronauta da NASA há 23 anos que colabora como consultor para a Vast.