Pode parecer ficção científica, mas a avaliar pelos projetos de marcas como a Huawei, a Samsung, NTT DoCoMo ou Fujitsu é apenas uma antevisão do futuro não muito longíquo: em 2020, as redes móveis que operam em 5G já terão partido à conquista do mercado mundial. Nessa altura, um telemóvel poderá aceder à Net a velocidades de 10 Gbps. Não é gralha: são mesmo 10 Gbps, 100 vezes mais que a largura de banda que hoje é disponibilizada, em média, para o download de conteúdos em 4G.
Como é que isto vai ser possível? A Comissão Europeia pode não ser a melhor entidade para responder à questão, mas é também parte interessada e já cumpriu a sua quota parte no projeto: no início de 2013, Neelie Kroes, vice-presidente da Comissão Europeia e responsável pela Agenda Digital, anunciou o investimento de 50 milhões de euros para projetos de investigação que poderão contribuir para o lançamento, em 2020, das primeiras redes em 5G.
A comissária justificou a aposta na investigação com a necessidade de dar resposta às previsões que revelam que, em 2020, o tráfego das redes móveis deverá ser 33 vezes superior ao registado em 2010. Por essa altura, é provável que o acesso à Net através de redes fixas esteja remetido a um nicho de mercado. E por isso a Comissão Europeia já começou a apoiar projetos como METIS, 5GNOW, iJOIN, TROPIC, Mobile Cloud Networking, COMBO, MOTO e PHYLAWS que têm em vista criar novas funcionalidades e arquiteturas que tirem partido dos 10 Gbps (previstos para comunicações na banda de 5 GHz).
No comunicado da Comissão Europeia são apresentados alguns números reveladores dos desafios que terão de ser sanados até à estreia da 5G: o tráfego das redes móveis deverá crescer 1000 vezes, mas o número de máquinas conectadas vai crescer entre 10 e 100 vezes; a banda larga móvel será ubíqua e ver vídeos no telemóvel vai ser banal; a latência terá de diminuir cinco vezes e as baterias de terão beneficiar de um incremento de autonomia – especialmente nas comunicações “máquina-a-máquina”.
Portugal Telecom, British Telecom, Deutsche Telekom, France Telecom/Orange, Telecom Italia, Telefonica, Alcatel-Lucent, Ericsson, Nokia Siemens Networks, Thales Communications e até a SAP e a BMW são alguns dos vários nomes sonantes da Europa que já começaram a trabalhar com vista ao lançamento de uma nova geração de redes móveis. Mas não são os únicos: A Huawei acaba de confirmar que está apostada em juntar-se ao comboio futurista das redes móveis. E para que isso se torne possível, vai investir cerca de 450 milhões de euros em projetos de investigação, informa a TechRadar.
Declarada ou veladamente, há outros projetos que já se começaram a perfilar com o objetivo de marcar posição face ao 5G: Samsung, NTT Docomo e Fujitsu são alguns dos nomes já citados na imprensa como participantes nas diferentes tecnologias que vão suceder ao 4G.
Desde o lançamento do primeiro serviço comercial, que tem sido lançada uma nova geração de redes móveis a cada década que passa (tudo começou com a 1G em 1981). Para conseguirem manter esta tendência, autoridades nacionais e internacionais e ainda as grandes marcas terão de encontrar um consenso sobre os standards e as tecnologias que deverão ser usadas na 5G.
Mais do que a largura de banda disponibilizada ao consumidor final, o debate deverá ter como ponto-chave a escolha das frequências (que alguns céticos dizem não estar disponíveis para a 5G) e a eficiência espetral que será garantida pelas nova geração de redes móveis. Não menos importante será o consumo energético: um fator essencial, que todos os utilizadores de telemóvel conhecem bem nos dias que correm.