A gestão de talento no setor de IT em Portugal tornou-se um desafio complexo e essencial para o crescimento sustentável das empresas. Atualmente, cerca de 185.000 profissionais trabalham no setor de IT em Portugal, mas a escassez de pessoas qualificadas é uma realidade incontornável. Esta escassez contribui para uma situação de quase pleno emprego, onde a procura por profissionais supera largamente a oferta disponível.
A verdade é que nos últimos 10 anos , o mercado de IT em Portugal teve um crescimento 76%, consolidando-se como um dos setores mais dinâmicos e promissores da economia nacional. Globalmente, o setor de IT é um dos mais atrativos para se trabalhar, refletindo tendências mundiais de digitalização e inovação. No entanto, em Portugal, houve uma descida notável na atratividade do setor, que caiu do primeiro lugar em 2021 para a sexta posição em 2023. Esta mudança sugere a necessidade de reavaliar as estratégias de retenção e atração de talentos, garantindo que Portugal continue a ser um destino competitivo para profissionais de IT.
Falo de pleno emprego, de crescimento e da importância do setor para a competitividade do país… chegar às pessoas certas, com as qualificações necessárias é determinante para o setor e um dos principais desafios que enfrentamos. Os mais recentes resultados do Randstad Employer Brand Research referem que cada vez mais estes profissionais valorizam uma combinação de fatores que passa por drivers como salário, equilíbrio entre vida profissional e pessoal, ambiente de trabalho, progressão de carreira e segurança no emprego.
São estes os fatores determinantes para a retenção de talentos num mercado onde a oferta de profissionais é limitada e a competição entre empresas é intensa. Mas mais ainda, é crucial oferecer condições de trabalho flexíveis, que abrangem horários, locais de trabalho, teletrabalho e planos de carreira ajustados às necessidades individuais dos colaboradores.
Vejo desafios mas também oportunidades para o futuro do setor. E aqui falo sobretudo do tema da inteligência artificial, em que segundo o estudo da Randstad sobre o impacto da IA no mercado de trabalho, estima-se que 64% das funções no setor serão automatizáveis devido aos avanços na área. Em Portugal, o setor de IT é o segundo com maior potencial de automatização, o que significa que muitas funções atuais poderão ser substituídas ou profundamente alteradas pela tecnologia. Contudo, o setor também lidera na criação de novas funções e tem um elevado potencial de aumento de produtividade. E aqui garantir que os programas de upskilling e reskilling fazem parte das estratégias das empresas, é também determinante, já que permite que os colaboradores adquiram novas competências e se mantenham atualizados com as últimas tendências tecnológicas.
A gestão de talento no setor de IT em Portugal enfrenta desafios consideráveis, mas também apresenta oportunidades significativas. O crescimento rápido do setor, a transformação tecnológica e a necessidade de adaptação constante exigem uma abordagem estratégica e flexível. As empresas que investirem em programas de formação contínua e adotarem políticas de gestão de pessoas centradas na flexibilidade estarão melhor posicionadas para atrair e reter os melhores talentos, assegurando assim a sua competitividade e sucesso a longo prazo. Em última análise, a capacidade de inovar na gestão de talento será um factor diferenciador crucial no cenário altamente competitivo do setor de IT.