Há vários anos que a comunidade científica tem vindo a investigar formas de fazer com que os medicamentos cheguem diretamente às zonas do corpo onde precisam de atuar. Para tal é necessário encontrar partículas que sejam capazes de se ligar aos ingredientes ativos dos medicamentos. No entanto, este tipo de partículas tem de preencher um conjunto de requisitos específicos – o que se tem afirmado como um desafio para os investigadores.
Agora, uma equipa de investigadores, liderada por cientistas do ETH Zurique, acredita ter encontrado uma resposta para o problema com uma abordagem que recorre a micropartículas com um aspecto que se assemelha a pequenas flores de papel.
Os cientistas explicam que as partículas em questão necessitam, por exemplo, de absorver o maior número de moléculas possível da substância ativa dos medicamentos. Além disso, tem de ser possível guiá-las pela corrente sanguínea através de técnicas simples e que essa ‘viagem’ possa ser acompanhada através de métodos de imagiologia não invasivos.
As partículas desenvolvidas pelos investigadores são compostas por pétalas extremamente finas. Estas micropartículas podem ser criadas a partir de uma variedade de materiais, com diversos tipos de revestimento consoante o seu propósito.
A equipa, que publicou as conclusões do seu estudo na revista científica Advanced Materials, explica que esta estrutura traz duas grandes vantagens. Em primeiro lugar, as partículas têm uma grande área de superfície em comparação com a sua dimensão. Os espaços entre as pétalas, que têm apenas alguns nanometros, são capazes de agir como poros. Isso significa que conseguem absorver grandes quantidades das substâncias ativas dos medicamentos.
Em segundo, a estrutura das pétalas permite a dispersão de ondas sonoras, podendo ser também coberta de moléculas que absorvem luz, algo que as torna visíveis durante ultrassonografias, por exemplo.
As primeiras experiências realizadas demonstraram resultados promissores. Os cientistas pretendem agora refinar o conceito desenvolvido, avançando com mais testes em animais. No futuro, a equipa espera que a descoberta possa ajudar a tratar pacientes com doenças cardiovasculares ou com cancro.