O nome pode ser pouco apelativo e até relativamente desconhecido em Portugal, mas para a União Europeia as bombas de calor são um elemento essencial na equação da descarbonização. “Uma tecnologia madura que é muito mais eficiente em termos energéticos do que as caldeiras”, sublinha-se. Permitem um maior uso de fontes de energia renováveis, aproveitam a energia ambiente e ainda os excedentes. Isto partindo de um aparente paradoxo: conseguem extrair calor de um ambiente mais frio (o exterior), para aquecer um ambiente de temperatura mais elevada (o ar interior ou águas sanitárias). “Em vez de produzirem calor, extraem e melhoram a energia ambiente (calor ou frio do ar exterior e das águas superficiais ou de esgotos) ou energia geotérmica (calor ou frio do solo ou das águas subterrâneas)”, explica o documento da Comissão Europeia e que o engenheiro Fernando Dias, gestor de I&D Bosch Termotecnologia, Aveiro, complementa: “A bomba de calor assenta a sua tecnologia no ciclo de refrigeração, semelhante ao frigorifico, mas numa maior escala, para colmatar as necessidades energéticas de uma casa”. Num sistema que tanto pode funcionar para aquecer, como para arrefecer – neste caso, retira-se energia de um ambiente quente, para tornar um ambiente mais frio.
Eficiência superior a cem por cento
Com uma eficiência acima dos cem por cento, ou seja, o equipamento é capaz de produzir mais energia do que aquela que lhe é fornecida, as bombas de calor, já muito utilizadas nos países do norte da Europa, começam a ganhar mercado por todo o mundo, em particular no último ano com duplicação de vendas e reforço dos incentivos determinados por Bruxelas. Para a multinacional alemã, esta é também uma aposta certa. Até 2026 a Bosch irá investir cem milhões de euros na fábrica de Aveiro, construindo novos laboratórios e dois edifícios para aumentar a capacidade de produção de bombas de calor, que também acontece em duas outras instalações da empresa, na Alemanha e na Suécia. “Portugal é um país muito atrativo e não é apenas pelo facto de ser um país de baixos custos. É também pelas pessoas”, justifica o responsável pela fábrica, Jónio Reis, durante uma apresentação à imprensa organizada pela empresa.
Números
50%
de toda a energia consumida na União Europeia é usada para aquecimento e arrefecimento
70%
da energia consumida para climatização tem origem em combustíveis fósseis (gás natural, sobretudo)
80%
do consumo doméstico de energia é para aquecimento de águas e climatização
(Fonte: Eurostat)