Esta garagem é o local de nascimento da primeira região de alta tecnologia do mundo, o Silicon Valley”. Assim começa o texto que se pode ler na placa colocada em frente à pequena moradia em madeira com o número 367 na Addison Avenue em Palo Alto, Califórnia. Esta foi a casa que, no verão de 1936, Bill Hewlett escolheu para alugar. Na altura, o jovem investigador na Universidade de Stanford, mesmo ali ao lado, justificava a escolha numa carta enviada ao amigo e futuro sócio David Packard, que trabalhava na General Electric em Nova Iorque: “É muito melhor do que qualquer outra que já vimos [….]. A garagem (oficina) tem chão em cimento e já tem um balcão de trabalho”.
A garagem em questão, imaculadamente preservada, tem cerca de 20 metros quadrados. Como se pode constatar, as exigências relativas ao imobiliário dos dois amigos eram muito mais baixas que o entusiasmo de seguir o conselho de Frederick Terman, um dos professores que tinham em Stanford: “Criem as vossas próprias empresas de eletrónica na região, em vez de irem trabalhar para firmas estabelecidas no leste”. Um conselho que, aliás, está também inscrito na placa já referida. Ou não fosse esta ideia considerada o ponto de partida para Silicon Valley. Uma designação da área que só surgiu, pelo menos segundo os registos escritos, 35 anos após Bill Hewlett e David Packard terem optado pelo bem mais arriscado caminho de criarem o seu próprio negócio na área da tecnologia, em vez de prosseguirem carreira numa das grandes empresas de eletrónica norte-americanas, quase todas sedeadas na costa leste.