Uma equipa de investigadores demonstrou que as ferramentas de Inteligência Artificial podem ser uma força revolucionária nos campos da Ciência e da Medicina ao usar algoritmos para analisar milhares de substâncias químicas e ficar com apenas alguns candidatos para desenvolver um novo tipo de antibiótico. Os sistemas de IA aceleraram todo o processo e permitiram criar um antibiótico mais eficaz para eliminar bactérias resistentes.
Estima-se que mais de um milhão de pessoas morra, por ano, com infeções causadas por bactérias capazes de resistir a antibióticos. Os investigadores focaram-se numa das espécies mais problemáticas de bactérias, a Acinetobacter baumannii, que pode infetar feridas e causar pneumonia. Esta é uma das três superbactérias que a Organização Mundial de Saúde apelidou de “ameaça crítica”. Esta ameaça encontra-se em hospitais e centros de tratamento, é capaz de sobreviver em diferentes superfícies e equipamento médico e não se consegue eliminar com os antibióticos conhecidos atualmente, sublinha a BBC.
Para criar este medicamento, os investigadores treinaram um modelo de IA com milhares de drogas cuja estrutura química precisa já era conhecida e depois testaram-nas sobre a bactéria, para perceber se poderiam abrandá-la ou eliminá-la. Os resultados foram usados para alimentar a máquina e depois executaram-se simulações sobre mais de 6600 outras substâncias químicas cuja eficácia era desconhecida.
O modelo acabou por criar uma lista mais reduzida dos que tinham mais potencial, demorando apenas uma hora e meia. Das 240 substâncias que foram testadas depois em laboratório, nove deram origem a potenciais antibióticos e uma destas gerou mesmo um medicamento incrivelmente potente.
Em laboratório, este antibiótico conseguiu curar feridas causadas pela superbactéria em ratos. O próximo passo da equipa envolve aperfeiçoar o medicamento e realizar ensaios clínicos. A expetativa da equipa é que os primeiros antibióticos criados com IA surjam no mercado em 2030.