“Hola Saragoça!” Foi assim que às 14:59 de quinta-feira, 5 de maio, o cirurgião da Fundação Champalimaud, Pedro Gouveia, iniciou uma intervenção única a nível mundial. Equipado com os óculos de realidade mista Hololens 2, da Microsoft, operou uma senhora com cancro da mama, em Lisboa, com ajuda do colega Rogelio Andrés-Luna que participava num congresso médico na Universidade de Saragoça, em Espanha.
A 900 quilómetros de distância um do outro, os especialistas trocaram impressões sobre o local exato da incisão, identificação de vasos sanguíneos, assistiram à visualização de um pequeno vídeo e discutiram as marcações do local do tumor. Rogelio Andrés-Luna marcou a traço azul, no seu portátil, o percurso do bisturi e Pedro Gouveia viu este mesmo risco sobreposto no corpo da doente. Naquela que foi “a primeira experiência no mundo de utilização, ao vivo e em direto, daquilo a que se dá o nome de ‘remote proctoring’, durante uma cirurgia de cancro da mama”, afirmou Pedro Gouveia. Esta supervisão remota já é utilizada para vigilância de exames, mas em situação de cirurgia é uma estreia.
Tratando-se de uma cirurgia, os requisitos de segurança do sistema são obviamente muito mais exigentes pelo que foi essencial garantir que não havia falhas na comunicação, que esta era inviolável e que o atraso das comunicações era praticamente nulo – tudo isto assegurado por uma ligação 5G, fornecida pela Altice Portugal.
Na Avenida Brasília, os óculos que combinam realidade virtual e aumentada permitiram ter acesso real à paciente e, em simultâneo, a informações adicionais projetadas sobre as lentes, com as indicações vindas de Espanha. Já Rogelio Andrés-Luna usou um portátil que estava ligado aos óculos usado por Pedro Gouveia. Os óculos foram ligados por Eth/USB a um smartphone (como conetividade 5G), que funcionou como router 5G. A configuração na sala de operações foi preparada ao longo da semana pelo laboratório de inovação Altice Labs, que equipou o espaço com uma rede privada da quinta geração de redes móveis. Em Espanha, o parceiro de conetividade foi a operadora Movistar. Todo o procedimento foi acompanhado, e aplaudido, pelos participantes no Congresso da Associação Espanhola de Cirurgiões da Mama.
A experiência realizada quinta-feira, e à qual a Exame Informática assistiu, foi mais uma prova de conceito do que uma necessidade real de mentoria supervisão cirúrgica remota. Pedro Gouveia, que venceu o Prémio Inovação, 2020, atribuído pela Exame Informática, e Rogelio Andrés-Luna são colegas na Unidade de Mama da Fundação Champalimaud e grandes entusiastas da utilização de tecnologia de realidade virtual e realidade aumentada na melhoria da prática clínica, em particular no diagnóstico e tratamento de cancro da mama.
