Após terem surgido recentemente relatos de casos de assédio sexual e discriminação dentro da Apple, um grupo de atuais e antigos funcionários reuniu-se e apelou a outros trabalhadores que partilhassem as suas histórias de discriminação, assédio ou retaliação dentro da empresa. Na passada sexta-feira, 27 de agosto, o grupo denominado de #AppleToo selecionou 500 dessas histórias e começou a publicá-las na sua página oficial na plataforma Medium.
Cher Scarlett, engenheira de segurança da Apple e pessoa que dá cara do movimento, garantiu que irá continuar a partilhar as histórias e, escreveu no Twitter da página oficial do movimento, que 75% destas têm em comum a discriminação que os funcionários sofrem dentro da empresa. Para além destes dados, 50% envolvem sexismo ou retaliação e 25% são testemunhos de racismo e violência, afirmando, ainda, que os recursos humanos da tecnológica não investigam estas acusações.
Segundo noticiado pela publicação Engadget, duas das primeiras histórias partilhadas são sobre assédio sexual, sendo que uma envolveu um chefe, de sexo masculino, que usou a sua posição de poder sobre uma funcionária, que foi despedida e agora diz ter dificuldades em arranjar trabalho quando as empresas se apercebem de quem ela é. Para além deste, muitos outros testemunhos sobre questões como racismo, sexismo, desigualdade, discriminação e violência foram partilhadas pelos funcionários.
Numa entrevista à publicação Protocol , Scarlett diz sentir “que a empresa precisa ser responsabilizada porque não está a assumir a culpa. As pessoas querem sentir-se ouvidas. E não sentem que isso acontece na Apple”. A porta-voz do movimento acrescentou que alguns dos funcionários que trabalham com a gigante da tecnologia há décadas consideram que as anteriores chefias costumavam ouvi-los, mas que isso já não acontece.
Quando o movimento #AppleToo foi divulgada pela primeira vez, a empresa defendeu-se e salientou em comunicado que este é um tema ao qual presta atenção: “Levamos a sério todas as preocupações e investigamos minuciosamente sempre que uma preocupação é identificada e, por respeito à privacidade de todos os indivíduos envolvidos, não discutimos casos específicos de funcionários”.