A primeira presidente da agência espacial portuguesa, Chiara Manfletti, durou pouco mais de ano e meio no papel. Funcionária da Agência Espacial Europeia (ESA), a engenheira aeroespacial de origem italo-alemã deixou a liderança da PT Space em setembro , como noticiou a Exame Informática, para se candidatar ao cargo de diretora-geral da agência internacional. O que o Ministro da Ciência e da Tecnologia Manuel Heitor, que tem a tutela da agência portuguesa, não vê com estranheza. ”A Chiara foi convidada por mim para vir instalar a agência. E foi particularmente importante porque nos abriu portas à colaboração europeia, já que era funcionária da ESA”, assume Manuel Heitor à Exame Informática.
Neste momento, a presidência da Agência Espacial Portuguesa está a ser assegurada por Ricardo Conde, que assumia anteriormente o cargo de administrador. Até ao final de janeiro do próximo ano, estará aberto o concurso para contratação do novo presidente que se quer, de preferência, de origem nacional. “Para a fase de instalação quisemos ir buscar uma pessoa que conhecia em detalhe os mecanismos da ESA. Agora queremos evoluir para uma nova fase em que demos preferência – não obrigação – a um português”, revela Manuel Heitor. “Hoje a agência é uma equipa de dez pessoas e queremos dar uma oportunidade a portugueses que estão cá, mas também aos portugueses que estão pelo mundo fora”, diz o ministro em jeito de anúncio de emprego. “O concurso está a decorrer até ao final de janeiro de 2021, com calma. Mas estamos a dar preferência a portugueses, com experiência, que estão no estrangeiro”, assume.
Já antes da contratação de Chiara Manfletti, Manuel Heitor tinha feito um périplo pelas delegações da ESA onde trabalham engenheiros portugueses, sondando a sua disponibilidade. Como se viu, a escolha acabou por recair na italiana que na altura assumia as funções de conselheira do Diretor-Geral. Uma equipa de peritos fará a primeira seleção dos candidatos cabendo a escolha final do presidente aos membros da Portugal Space.
Sendo a grande aposta de Manuel Heitor, espera-se que o setor do espaço gere, na próxima década, mil empregos qualificados, sendo um “potenciador de valor acrescentado”. “Hoje faturamos 40 milhões no setor do espaço, queremos chegar a 2030 a faturar pelo menos 500 milhões de euros”, afirma.