O grupo Jerónimo Martins apresentou esta quarta-feira os resultados referentes ao primeiro semestre de 2024. Em comunicado enviado aos mercados, o grupo dirigido por Pedro Soares dos Santos revelou ter fechado os primeiros seis meses do ano com lucros de 253 milhões de euros – menos 29% comparativamente ao primeiro semestre de 2023. “Tal como antecipámos, o ano de 2024 tem sido marcado, após um ciclo inflacionário, pelos duros efeitos da combinação de uma acentuada trajetória de correção dos preços alimentares com a subida significativa dos custos”, referiu Soares dos Santos no mesmo documento.
Segundo a nota, o grupo detentor do Pingo Doce e Recheio em Portugal mostrou um “forte desempenho das vendas em volume e reforço das posições de mercado num contexto extremamente desafiante”. Apesar da diminuição de lucros, a empresa cresceu cerca de 12% nas vendas para 16,3 mil milhões de euros.
Para a empresa, a quebra nos resultados justifica-se, sobretudo, pelo contexto “muito exigente” do mercado e pela “forte pressão sobre as margens” da companhia, resultado da rápida queda dos preços alimentares, bem como pela incorporação da recente Fundação Jerónimo Martins. “O desempenho do segundo trimestre deste ano incorpora, para além da deflação, o efeito negativo de calendário, essencialmente devido à Páscoa, que em 2023 ocorreu no segundo trimestre do ano”, explica ainda o grupo.
“Sabíamos que, agravada pelo ambiente de consumo contido, a competição pelos volumes seria muito forte e mantivemos o foco estratégico na competitividade, investindo fortemente em preço sem descurar a qualidade global das propostas de valor. A consistência deste foco permitiu, em circunstâncias particularmente difíceis, que todas as insígnias reforçassem as suas posições de mercado”, diz o CEO.
Já o EBITDA – lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações – subiu 3,5% para mais de mil milhões de euros, com a respetiva margem a fixar-se nos 6,4%. “No período, a margem EBITDA foi substancialmente pressionada pela combinação do desacelerar significativo da inflação alimentar, num movimento de correção dos aumentos extraordinários verificados nos anos anteriores, com uma elevada inflação ao nível dos custos, essencialmente motivada pela subida dos salários”, referiu o grupo.
Relativamente à segunda metade do ano, o grupo prevê que “o contexto de deflação alimentar e elevada inflação de custos se mantenha”.
Vendas sobem em Portugal
Segundo o mesmo comunicado, as marcas a operar em Portugal – Pingo Doce e Recheio – registaram um bom desempenho entre janeiro e junho de 2024. “A aposta no conceito “All About Food” permitiu ao Pingo Doce mitigar os efeitos da deflação no cabaz e impulsionar as vendas num mercado cada vez mais competitivo. Já o Recheio aumentou o número de clientes em todos os segmentos e prosseguiu a expansão da rede de lojas parceiras Amanhecer como forma de continuar a crescer vendas e a consolidar a sua liderança de mercado”, pode ler-se na nota.
O grupo, contudo, assinala a persistência de “sinais de pressão sobre as famílias relacionados com taxas de juro e impostos elevados, esperando-se, por isso, que o consumo se mantenha pouco dinâmico ao longo do resto do ano”, lê-se.
O Pingo Doce registou nos primeiros seis meses do ano 2,4 mil milhões de euros, um crescimento de 5,9% face a 2023. Já o Recheio terá registado vendas nos 645 milhões de euros, 2,1% acima dos registados nos primeiros seis meses do ano passado.
Após anúncio de quebra de lucros, grupo afunda-se na bolsa
Depois de terem sido anunciado a quebra de lucros experienciada pelo grupo Jerónimo Martins nos primeiros seis meses de 2024, as ações da empresa estão em forte queda esta quinta-feira. Até à hora de almoço, as acções da empresa desvalorizaram 19%, para 15,80 euros, na Bolsa de Lisboa, o pior dia desde novembro de 2021, de acordo com a Reuters. O PSI 20 seguia, também, no vermelho, com a Jerónimo Martins a liderar as perdas num dia marcado pela apresentação de resultados dos dois lados do Oceano Atlântico.