O “bom momento” em que o País se encontra “não aconteceu por acaso” e as empresas “estão a aproveitar as oportunidades criadas, agora que o mundo mudou”, disse Pedro Siza Vieira, sócio da PLMJ e ex-ministro da Economia, no encerramento da conferência “Empresas: Nascer & Crescer”, da Exame.
Referindo-se aos estudos da Informa D&B sobre empreendedorismo e crescimento empresarial, apresentados nos painéis anteriores, Siza Vieira disse não estar surpreendido com o contributo positivo das novas empresas ao nível do emprego e das receitas, já que “nos últimos anos, o País apresentou resultados extraordinários”. A economia, à exceção do ano de 2020, cresceu na última década mais do que a média da UE, as empresas acompanharam esse crescimento e reduziram o endividamento e, entre 2021 e 2023, Portugal foi o país da Europa que mais cresceu, em termos de PIB per capita (em paridade de poder de compra), à frente da generalidade dos países de leste, dos Países Baixos ou da Irlanda, segundo os exemplos que apontou.
O ex-ministro recordou também as mudanças ocorridas nas últimas décadas na composição setorial do PIB, com os serviços financeiros, telecomunicações, imobiliário e energia a perderem peso e a cederem terreno não só ao turismo, mas também às TI, transportes, automóvel e metalomecânica. “O país mudou e a economia não está estagnada”, insistiu, assinalando ainda a subida do valor das exportações nacionais para cerca de 50% do PIB.
Como advogado, afirmou que faz todos os dias “as coisas aborrecidas com que as empresas têm de se preocupar” e que, apesar de muitas novas sociedades ficarem pelo caminho, “Portugal é verdadeiramente um país de empreendedores, ao contrário do que se pensa”.
De seguida, referiu o desempenho e resiliência das empresas portuguesas aos choques externos e internos como a globalização, o alargamento da UE a leste, a adesão ao euro, as crises financeiras e da dívida pública, a pandemia e a guerra. Recordou que no pós-pandemia, Portugal cresceu mais do que os outros países europeus que passaram pelo mesmo, também em resultado do investimento nas qualificações dos portugueses ou em áreas produtivas como as energias renováveis. “Aquilo em que investimos começou a dar resultados”, disse, afirmando que muitas empresas estarão a desviar capacidade produtiva da China e do leste europeu para Portugal e Espanha. “Estamos a aproveitar as oportunidades criadas, agora que o mundo mudou”.
Mas, num mercado aberto como o português, o desafio que se coloca agora ao tecido empresarial é o de ganhar escala, internacionalizando-se e sabendo atrair e reter o talento. “Portugal vai crescer mais que os outros países europeus”, apesar das guerras e da incerteza quando ao desfecho das eleições na Europa e nos EUA, porque, como disse, “o país está mais robusto e tem mais oportunidades”.
A conferência “Empresas: Nascer & Crescer” é uma iniciativa em parceria com a Informa D&B e com o apoio da Capgemini e da PLMJ.