O mercado imobiliário continuou a valorizar em Portugal. No ano passado, o Índice de Preços Residenciais da Confidencial Imobiliário cresceu 11,8%. Apesar da subida de dois dígitos – em contraste com o que se passa na maior parte dos mercados europeus – começam a existir alguns sinais de abrandamento no ritmo de subida dos preços de venda das casas.
A taxa de crescimento de 2023 em Portugal Continental foi menos expressiva que a de 18,7% verificada no anterior. Além disso, realça a Confidencial Imobiliário, “a desaceleração do aumento dos preços da habitação é também patente na taxa de variação trimestral, a qual passou de 3,7% no 3º trimestre de 2023 para 1,6% no 4º trimestre”. A consultora constata mesmo que “a taxa de variação trimestral apurada no 4º trimestre é mesmo a mais baixa do ano”.
“Há uma suavização na subida de preços que já era esperada. O mercado vem de um ciclo de fortes valorizações mesmo nas geografias mais baratas, pelo que, naturalmente, há menor margem para crescimentos acentuados”, explica Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, em comunicado.
Além do menor ritmo de crescimento dos preços, também se registaram menos transações em 2023 relativamente ao ano anterior. A estimativa da Confidencial Imobiliário é que se tenham concretizado cerca de 131.700 vendas de casas em Portugal Continental, 17% abaixo do registado em 2022. “O facto de a queda nas transações se ter circunscrito ao período inicial de 2023 e de a tendência predominante no restante do ano ser de estabilização, deu suporte aos preços, sobre os quais acabou por não haver grande pressão”, observa Ricardo Guimarães. O especialista antecipa que “dado o comportamento de recuperação das vendas que estamos a observar é natural esperar que os preços mantenham um comportamento positivo”.
Preços descem na Zona Euro
A subida nos preços de vendas de casas ocorre numa fase em que se começa a assistir a uma correção noutros mercados. Segundo os dados mais recentes do Eurostat, houve uma queda de 2,1% no terceiro trimestre de 2023, relativamente ao mesmo período de 2022.
Em mercados como o Luxemburgo e a Alemanha as descidas foram de 13,6% e 10,2%, respetivamente. Também os Países Baixos, Eslováquia, Áustria e França registaram desvalorizações, se bem que de dimensão mais reduzida. Já Portugal manteve a tendência de desempenho acima da média europeia, com uma valorização de 7,6% nesse período.
No último Relatório de Estabilidade Financeira, divulgado no final de 2023, o Banco de Portugal sublinhou que “a localização geográfica de Portugal e as condições de segurança e estabilidade que o têm tornado um destino desejável continuam a suportar a procura por parte de não residentes e estrangeiros residentes”. Acrescentou que “nos últimos 10 anos, o aumento da participação de compradores não residentes caraterizou o mercado imobiliário residencial em Portugal. Dada a restrição de oferta de habitação, o impacto do ligeiro aumento da população residente nos últimos anos foi reforçado por este fator”.