Era vice-chairman da Berkshire Hathaway. Assumiu o cargo em 1978 e foi o responsável por uma mudança de estratégia neste gigante fundo de investimento. Convenceu Warren Buffett, presidente do grupo, a focar-se em empresas de qualidade, em vez de ações a preço de saldo. Um sucesso para a empresa e para a sua carteira. Deixa um património avaliado em 2,4 mil milhões de dólares, segundo a Forbes, e um legado para a eternidade.
“A Berkshire Hathaway não conseguiria ter chegado ao seu estatuto atual sem a inspiração, a sabedoria e a participação do Charlie”, disse Warren Buffett, de 93 anos, num comunicado após a notícia da morte do seu amigo. Munger estava a menos de um mês de completar 100 anos de idade.
Filantropo, apaixonado por arquitetura, para além de ter sido o seu braço-direito, foi também muitas vezes os olhos e o cérebro de Warren Buffett, nestes últimos 45 anos. A sua morte marca o fim de uma era no mundo dos investimentos não só nos Estados Unidos da América, como em todo o mundo.
O último encontro anual de acionistas da Berkshire Hathaway aconteceu no dia 6 de maio deste ano, no Nebraska. Munger e Buffett partilharam, como é costume, o palco. Cético sobre toda a popularidade da inteligência artificial, Munger disse: “Parece-me que a inteligência mais antiquada funciona muito bem”.
“Aceito que os meus netos não pensem da mesma forma que eu. É o curso natural da vida”, frisou na conferência, rematando que sabe “perfeitamente” que tem também de “fingir que gosta de alguns namorados e namoradas deles” de que na verdade não gosta.
Foram várias as reações imediatas à sua morte, nas redes sociais. Tim Cook, presidente da Apple, recorreu ao X (ex-Twitter) para homenagear Munger, classificando-o como uma “inspiração para uma nova geração de líderes” e um “titã do mundo dos negócios”.
Charles Thomas Munger nasceu em Omaha, Nebraska, a 1 de janeiro de 1924. O pai, Alfred Munger, era advogado, e a mãe, Florence, vivia de negócios da família. Por coincidência, Charles começou a trabalhar na mercearia do avô de Warren Buffett, mas só se conheceram anos mais tarde. Aos 17 trocou Omaha pelo Michigan, onde estudou.
Em 2021, numa entrevista à CNBC, explicou o segredo para uma vida tão longa. “É fácil. Não ter muita inveja, não ter ressentimento, permanecer alegre apesar dos problemas. Lidar com pessoas confiáveis e fazer o que tem de fazer. E todas estas regras simples funcionam muito bem para tornar a sua vida melhor”, concluindo que o maior segredo “é permanecer alegre”. “E não é possível estarmos alegres se estivermos mergulhados em profundo ódio e ressentimento”.