O anúncio foi feito na semana passada: a Nestlé comprou a Kopenhagen, marca fundada em 1928 e até 2020 totalmente detida por capital brasileiro. Nesse ano, o fundo norte-americano Advent International passou a deter o controlo do grupo CRM, que desde 1996 detinha o negócio.
Marcas como Língua de Gato, Nhá Benta e Brasil Cacau passam, agora, para a alçada da Nestlé, num negócio cujo valor ainda não foi revelado – e que ainda aguarda deliberação da autoridade da concorrência brasileira, o Conselho Administrativo de Defesa Económica (Cade). A empresa tem uma faturação estima de €300 milhões (cerca de 1,7 mil milhões de reais), este ano.
Segundo um comunicado enviado às redações e divulgado pela imprensa brasileira, a Nestlé garante assim uma presença no país através de lojas físicas – a Kopenhagen é conhecida pelos seus espaços distintos e pelo chocolate de elevada qualidade, fabricado no Brasil desde a sua fundação. A notícia chega ao mercado apenas três meses depois de a multinacional suíça ter conseguido também adquirir a popular marca de chocolates Garoto, encerrando um processo com quase 20 anos: em 2002 a Nestlé anunciava a compra da Garoto, mas o negócio seria vetado pelo Cade dois anos depois, porque juntas as marcas somariam quase 60% de quota de mercado.
A Nestlé recorreu e, depois de quase duas décadas – e de uma diminuição considerável da posição de ambas as marcas junto dos consumidores – a multinacional garantiu a entrada dos criadores da ‘caixa de chocolate mais popular do Brasil’ no seu portefólio.
A Kopenhagen, a Kop Koffee e a Brasil Cacau – todas integrantes do conglomerado agora adquirido pela Nestlé – têm mais de mil lojas no Brasil, através de um modelo de franquias. São cerca de dois mil funcionários entre lojas e fábricas.
“Entendemos que temos uma grande oportunidade de acelerarmos segmentos de maior valor agregado, fortalecendo ainda mais a categoria de chocolates no Brasil”, afirma Marcelo Melchior, CEO da Nestlé Brasil, no comunicado citado pela Folha de São Paulo. À frente da Kopenhagen manter-se-á Renata Moraes Vichi, que além de continuar como CEO garante ainda a detenção de algumas ações, esclarece o mesmo documento.
A Folha de São Paulo afirma ainda que faz parte dos planos da Nestlé triplicar o número de lojas da Kopenhagen até 2026, o que permitirá a expansão de todas as marcas. Especialistas ouvidos pelo diário brasileiro afirmam que o Cade não deverá impor restrições ao negócio uma vez que o segmento alto onde se encontram os chocolates da Kopenhagen, que além do mais tem com lojas próprias, não concorre com a atividade da Nestlé no país.
Prestes a celebrar 100 anos de história, em 2028, a marca de chocolates fundada pelo casal David e Anna Kopenhagen, naturais da Letónia abriu a sua primeira loja na requinta Avenida Oscar Freire, em São Paulo, e desde então conquistou o país com as suas criações.