Dário é pianista de jazz. Mas, por estes dias, dedica-se ao estágio em Inteligência Artificial na Simoldes, empresa líder no fabrico de moldes, sediada em Oliveira de Azeméis. O gosto pela tecnologia e a procura de uma área com futuro levaram-no, aos 22 anos, a frequentar o laboratório digital promovido pelo PRO_MOV, uma iniciativa europeia com chancela nacional. O projeto nasceu dentro do grupo que reúne 60 das maiores empresas europeias – o European Round Table for Industry (ERT) – que, em 2020, assumiu o desafio de requalificar um milhão de pessoas até 2025, e cinco milhões até 2030. Um projeto ambicioso, que pretende dar resposta às necessidades de requalificação de trabalhadores, desempregados ou no ativo mas cujos postos de trabalho estejam em risco de desaparecer ou de ser profundamente alterados, por via das transições digital e verde. Em 2020, a McKinsey estimava em cerca de 20 milhões os trabalhadores europeus que, estando atualmente empregados, irão necessitar de ser requalificados até 2030. O fórum, que reúne empresas como a Inditex, a Airbus e a ArcelorMittal, tem na Sonae a única representante nacional e uma das principais dinamizadoras do projeto: “O Paulo Azevedo, que era um dos maiores defensores do papel que o ERT deveria ter nesta área, foi desafiado para avançar. E avançou para a liderança do projeto.”
João Günther Amaral, membro da Comissão Executiva da Sonae e porta-voz do PRO_MOV, reconhece que o principal desafio do projeto está na escala e na novidade que esta lhe confere. “Sempre dissemos que não sabemos como é que isto se faz. Nunca foi feito.” O projeto arrancou em três países-piloto, fruto da disponibilidade das primeiras empresas do ERT para o fazer: a Sonae, a SAP e a Nestlé, em Portugal; a Iberdrola e a Telefónica, em Espanha; a AstraZeneca e a Volvo, na Suécia. Implicou meses de estudo prévio – sobre mais de 200 iniciativas de requalificação a nível mundial – para afinar o modelo, que tem como um dos seus principais pressupostos a garantia (ou quase garantia) de colocação no mercado de trabalho. Uma jornada end-to-end, que visa colmatar as falhas encontradas no mercado, como a existência de modelos demasiado centrados em apenas algumas etapas do processo – formação, colocação, definição das profissões mais ameaçadas –, ou a falta de colaboração das próprias empresas no desenho da formação. Com uma coordenação central em cada país – cujos modelos diferem em virtude da própria organização política e institucional de cada região –, o protótipo arrancou no início de 2022.