É praticamente impossível entrar em Cacia e não dar de caras com a fábrica que, agora, ostenta nos portões o nome The Navigator Company. A unidade industrial que, durante o Estado Novo, pertencia à Companhia Portuguesa de Celulose iniciou a sua atividade a 23 de julho de 1953. Numa Europa do pós-guerra, é preciso agradecer aos recursos provenientes do Plano Marshall, que permitiram a construção da fábrica, cujo projeto fora concebido na década de 1930. As máquinas começam, a todo o vapor, a produzir pasta de papel à base de pinho, mas rapidamente se torna evidente que as árvores nacionais não eram as melhores para deixar o papel tão branco quanto seria desejável.
“Há um conjunto de técnicos, liderados por dois homens aqui de Cacia, que – inspirados por haver na região uma fábrica muitíssimo mais pequena que produzia pasta através de um processo menos eficiente (que entretanto desapareceu) com eucalipto – pensaram que talvez o conseguissem fazer também”, contar-nos-á António Redondo, CEO da The Navigator Company, numa entrevista que aconteceu uns dias após a visita da EXAME à fábrica. Papéis invertidos, com jornalistas em Lisboa e o responsável em Aveiro, António Redondo pediu atenção à história: é que “o conselho de administração não era favorável a essa tentativa, porque queria estudar até ao limite como produzir pasta de qualidade com pinho”, sublinha.