Uma firma gerida pela empresária de origem taiwanesa Ming-Chu Hsu, com interesses imobiliários e turísticos na Grande Lisboa e nos Açores, comprou participações no Taguspark e tornou-se na maior acionista privada daquele parque de ciência e tecnologia da Grande Lisboa.
A entrada, que terá ocorrido entre o final do ano passado e o início de 2021, deu-se através de uma das 54 empresas geridas pela empresária em Portugal, dedicadas na sua maioria à promoção de imobiliário de luxo. A Emerica, assim se chama a firma, ficou com um total de 12,53% da gestora do parque. Torna-se a terceira maior acionista – a seguir à Câmara Municipal de Oeiras e do Instituto Superior Técnico – e a maior entre os privados.
De saída da estrutura de capital estão a EDP Imobiliária e Participações e a SIBS, que confirmaram à EXAME a alienação das suas participações, de 5,06% e 4,89%, respetivamente. Ambas as empresas escudam-se nas cláusulas de confidencialidade dos contratos de venda para não revelarem nem o nome do comprador nem o valor da operação. Também os CTT, com 2,58% da gestora, saíram em setembro de 2020. No relatório integrado, apresentado ao mercado a 16 de março, a empresa não revela o encaixe, mas diz que a venda originou “uma mais-valia no montante de 28.507 euros”.
No site do Taguspark, a estrutura de capital disponível para consulta já reflete a posição da Emerica, bem como a ausência dos CTT, SIBS e EDP da lista de acionistas, que agora são 15 no total. Somadas, as participações que estavam atribuídas àquelas três empresas totalizam os 12,53% que são agora apontados à Emerica.
A EXAME tentou contactar a empresária Ming-Chu Hsu através da Reformosa, outra das empresas que detém e através da qual gere ativos imobiliários no País, para esclarecer os objetivos da compra de participações no Taguspark. Até ao momento, não foi possível obter respostas.
De Wall Street a Portugal
Segundo o perfil no site da Columbia Business School, onde tirou um MBA em 1992, Ming Hsu nasceu e formou-se em Taiwan, de onde saiu com 17 anos. As duas décadas seguintes foram passadas em Nova Iorque, onde se formou em Matemática e Finanças na New York University e trabalhou em Wall Street. Nos anos seguintes criou empresas nos setores do imobiliário e dos bens de luxo.
Presente em Portugal pelo menos desde 2014, Ming-Chu Hsu atua de forma mais visível através da marca e da empresa Reformosa. Em Cascais, em parceria com a Hilton, está a desenvolver o Legacy Hotel Cascais (antigo hotel Cidadela Cascais), com abertura prevista para 2023; nos Açores tem autorização para desenvolver empreendimentos turísticos na área turística de Morro de Baixo, na Ilha de São Miguel; e em Lisboa tem concluídos, ou em desenvolvimento, vários complexos residenciais de luxo em zonas como Estrela, Santos, Restauradores ou Baixa.
Além das empresas (controladas a partir de Malta por sociedades como Starby Limited – a dona da Emerica -, Meformosa Limited ou Aformosa Limited) a discreta empresária reside em Hong Kong e tem nacionalidade norte-americana. É conhecida também a dedicação à filantropia: doou dois milhões de dólares à Nova School Business of Economics (integra o seu conselho consultivo e é vogal do conselho de curadores da Fundação Alfredo de Sousa, cuja missão é desenvolver aquela escola) e em abril do ano passado, no início da pandemia, ofereceu a Portugal 4,6 milhões de euros em material médico, incluindo ventiladores, também através de uma das suas empresas, a sociedade D. Carlos I do Tojo, Lda.
Notícia atualizada a 17 de março com confirmação, pelos CTT, da venda da sua participação