Na Lapa dos Dinheiros, na Guarda, nasceu em junho deste ano um projeto hoteleiro que tinha como objetivo reavivar uma zona que cada vez perde mais habitantes, e que agora decidiu apostar em ofertas de estadas mais longas para contrariar a quebra acentuada no turismo.
Numa altura em que a hotelaria enfrenta diversas adversidades, a reinvenção é um dos caminhos que muitas empresas estão a seguir para tentar fazer face àquilo que a Associação de Hotelaria de Portugal adjetivou esta terça-feira, 10 de novembro, de “um profundo erro de análise” por parte do Governo nacional.
“Ao contrário do que o Senhor Primeiro Ministro pensa, o quarto que não se vende hoje não fica em stock para amanhã. Permitimo-nos recordar ao Senhor Primeiro Ministro que a Hotelaria, onde também existe restauração, está a sofrer brutalmente com o recolhimento, teletrabalho, paragem da economia no geral”, referiu a AHP num comunicado enviado às redações.
Foi a pensar precisamente no recolhimento e no teletrabalho que as Casas da Lapas decidiram lançar uma campanha promocional para chamar hóspedes que queiram passar uma semana entre a natureza da Serra da Estrela. “O que decidimos propor foi uma estada de 6 ou 7 noites com desconto 50%, que inclui pequeno-almoço, acesso a piscina interior e sauna com exclusividade – garantida através de uma escala de horários – e onde teremos o restaurante a funcionar, tal como biblioteca e várias zonas de estar”, conta Maria Manuel, uma das fundadoras do projeto, à EXAME. Com tarifas que variam entre os 150€ e os 195€ para duas pessoas (a este preço é depois aplicado o desconto), esta campanha é válida até ao fim de janeiro [com exceção do período de Natal e Ano Novo].

“Tivemos sobretudo no verão pessoas que vinham por uma semana, que ficaram por aqui e que não saem durante muitos dias. E se o fazem, é sinal de que se sentem bem”, continua a empresária que acredita que esta pode ser uma solução mitigar os efeitos da baixa procura provocada pelas sucessivas necessidades de recolhimento.
Apesar das dificuldades, nomeadamente do adiamento da abertura do projeto, que devia ter tido as portas abertas em março, o plano de negócios está a ser cumprido. “O verão correu muito, muito bem, entre julho e setembro. O grau de satisfação das pessoas foi muito elevado e o mês de outubro também correu bem. Se todo o ano fosse como os meses de julho a outubro, aliás, cumpríamos o plano de negócios” feito inicialmente, revela a responsável.
“Agora estadas para trabalhar, é um novo paradigma que estamos a tentar inventar” porque “neste momento, para nós, está fora de questão fechar e dispensar funcionários”, referiu. Com 10 pessoas atualmente nos quadros, Maria garante querer manter todos os postos de trabalho, e garantir a melhor qualidade de serviços para os clientes que os procurem, de forma a assegurar que regressam.
A localização é o outro atrativo que Maria apresenta como cartão de visita, numa altura em que a saúde está na agenda do dia. “Somos uma unidade pequena num território de baixa densidade – estamos numa aldeia de 150 habitantes onde até agora não houve um caso positivo de COVID-19; temos uma equipa em grande parte local, e estamos dentro de um parque natural, num lugar calmo e com risco muito reduzido. Testamos regularmente a equipa com testes rápidos de diagnóstico e vamos disponibilizar aos hóspedes se assim o quiserem”, revela ainda.
Já para os períodos de descanso entre videoconferências, emails e outros afazeres profissionais, as Casas da Lapa sugerem o spa, que trabalha significativamente a aromaterapia, com 50 óleos essenciais personalizáveis à medida de cada cliente, e com a chancela da marca belga Pranarom, a mais consolidada na área da aromaterapia científica.