Sentados no sofá, agarrados ao comando da consola, ao smartphone/ computador ou à televisão, pondo poucas vezes os pés fora de casa, praticamente só para fazer compras essenciais e, ainda assim, gastando mais no supermercado.
O quotidiano dos utilizadores da Revolut em Portugal durante o mês de março, com o País em estado de emergência e recolhido em casa, é uma amostra de como os hábitos de consumo de portugueses estão a mudar por causa da pandemia de Covid-19. Perdem a restauração, as viagens e os transportes, ganha o negócio de comida ao domicílio, por exemplo.
No mês que passou, a fintech britânica registou em Portugal uma subida abrupta do número das transações envolvendo os seus cartões em plataformas de gaming e de videojogos como a Steam, PlayStation ou Nintendo, que duplicaram ou mesmo triplicaram em relação ao mês anterior. Mais modestas (não foram além dos 15%) foram as subidas nas compras a empresas como a Apple, Google ou Netflix, que entre outros transacionam conteúdos multimédia.
A empresa dá ainda conta, num comunicado enviado às redações esta quarta-feira, 8 de abril, que entre os dados extraídos da utilização pelos seus clientes (mais de 400 mil no País), houve aumentos nas compras às empresas que fazem entregas ao domicílio (UberEats e Glovo viram as transações subir 22% e 27% respetivamente), além de mais dinheiro gasto em mercearia.
Em março o número de transações caiu 30% (ou seja, revelando menos deslocações ao supermercado), mas o gasto realizado foi superior em 35%. Na semana anterior à declaração de estado de emergência (10 a 18 de março) as despesas foram ainda maiores, com os clientes da fintech a aumentarem em 44% os seus gastos, antevendo a possibilidade de medidas mais restritivas de circulação e acesso às superfícies comerciais.
Restaurantes, transportes e viagens tiveram, em sentido inverso, as maiores quedas – esperadas – por parte dos utilizadores de cartões da Revolut. O volume transacionado na restauração e nas deslocações para fora do País afundou na ordem dos 50% em março face a fevereiro. Nas plataformas de transporte como Uber, Bolt ou Kapten as transações caíram na ordem dos 60% e reduziu-se em mais de metade o volume de negócios transacionado.
Apesar de algumas categorias de despesa terem aumentado fortemente durante o mês de março, os sistemas de pagamentos ressentiram-se, na globalidade, das limitações de movimento dos consumidores. A Revolut reporta, no seu caso, que os pagamentos nos terminais físicos sofreram uma quebra de 12% e que o volume transacionado em plataformas de e-commerce desceu 2%.