São a guarda avançada da inovação e da flexibilidade no mundo empresarial, mas nem por isso estão mais imunes às primeiras oscilações das crises na economia. No caso da Covid-19, o impacto nos bolsos das startups em Portugal já está a ser sentido, pelo menos entre aquelas que foram inquiridas nos últimos dias pela consultora Aliados Consulting, em parceria com a FES Agency.
Entre os dados recolhidos junto de 78 pessoas ligadas ao universo das startups, entre empreendedores, presidentes executivos e diretores de empresas com escritórios em Portugal, quase 75% dizem estar a ter um reflexo negativo da situação económica que resulta desta crise de saúde pública. E perto de metade das inquiridas experimenta já um corte na faturação superior a 60%.
Mas nem todas estão para já, totalmente, na mó de baixo. Cerca de um quinto (20,5%) referem que as suas vendas não estão a ter impacto negativo com a Covid-19 e 6,4% dizem-se mesmo positivamente afetadas. “Estas startups são, na sua maioria, da área de saúde e bem-estar,” especificam os resultados do inquérito realizado entre 21 e 24 de março, na semana seguinte a ter sido declarado o estado de emergência no País.
No entanto, mais 60% não escondem preocupação com o impacto do Covid-19 na atividade da sua empresa e não veem melhoras na situação num horizonte de semanas (apesar de um terço estar otimista). Menos de metade (44,9%) das empresas diz-se apreensiva com a possibilidade de isso vir a ditar o seu encerramento. No entanto, a grande maioria dos inquiridos (mais de 70%) não equaciona nem corte de salários nem despedimentos.
Para garantir a viabilização das suas startups, estes responsáveis pedem ao Governo medidas específicas para as suas empresas, como o layoff simplificado, de forma imediata e sem requisitos; o alinhamento dos critérios de acesso a financiamento de curto e médio prazo com as suas necessidades; incentivos fiscais ao investimento por parte de sociedades de capital de risco e business angels; além da aceleração de pagamentos e reembolsos do financiamento obtido através do Portugal2020 e isenções fiscais, tal como a redução da carga contributiva a curto e médio prazo.
Uma nota ainda para 53,8% das startups inquiridas, que disseram estar atualmente envolvidas na criação de soluções para mitigar a Covid-19, desafio que tem vindo a ser abraçado por este ecossistema nas últimas semanas. O exemplo mais reconhecido é o movimento tech4COVID19, que junta mais de 3.000 pessoas, ligadas em boa parte a startups tecnológicas, que se uniram para desenvolver soluções que ajudem a ultrapassar o surto.