Cinco das maiores empresas de transporte de passageiros que operam na Grande Lisboa e no Grande Porto ativaram os seus planos de contingência para combater o novo coronavírus e estão em contacto direto com a Direção-Geral de Saúde para o caso de ser necessário reforçá-los.
Nas empresas contactadas pela EXAME, o combate à difusão do Covid-19 faz-se em várias frentes: reforço da limpeza, desinfeção, cancelamento de viagens desnecessárias ao estrangeiro, além da proteção dos colaboradores que têm um contacto mais direto com os clientes.
Salas de isolamento, fornecimento de materiais de proteção pessoal e divulgação generalizada de informações a clientes, trabalhadores e fornecedores estão também entre as medidas adotadas pelas empresas de transporte ferroviário, rodoviário e fluvial.
CP
Locais de maior concentração como bilheteiras ou instalações destinadas a uso do pessoal serão alvo de maior limpeza e higienização, enquanto nos comboios /carruagens será feita adicionalmente a desinfeção dos filtros de ar condicionado antes dos serviços. A CP definiu áreas de isolamento para trabalhadores e disponibiliza luvas e máscaras para lidar com casos suspeitos. Uma comissão de gestão interna vai acompanhar o evoluir da situação e definir procedimentos em caso de absentismo resultante da Covid-19. A operadora ferroviária nacional admite que já está a ter “algum abrandamento na procura” nos comboios (embora diga não dispor de dados quantitativos) e que o comportamento se deverá acentuar nos próximos dias, depois da situação de alerta decretada esta sexta-feira, 13 de março. As políticas de reembolso foram ajustadas para maior flexibilidade em caso de desistências. Não são cobradas taxas nas três horas anteriores ao início da viagem e a revalidação para bilhetes não urbanos é gratuita.
Carris
A operadora de transporte rodoviário disponibiliza informação sobe medidas de higienização e vai reforçar a limpeza dos corrimãos das portas, das pegas e dos contornos superiores dos bancos dos autocarros e dos elétricos. Todos os tripulantes terão um kit com máscara, lenços, toalhitas com base de álcool e luvas para usar em casos suspeitos a bordo. Nessas situações também é desencadeada a desinfeção dos veículos. A Carris tem ainda uma sala de isolamento no posto médico para avaliar e despistar possíveis sintomas dos colaboradores e prevê a comunicação de eventual sintomatologia também à linha Saúde 24. Não haverá viagens de trabalhadores para qualquer dos países em áreas com transmissão comunitária ativa. No caso de outras regiões só serão realizadas as deslocações estritamente necessárias.
Metro de Lisboa
Além de divulgar e afixar os cartazes da Direção-Geral de Saúde com as medidas preventivas do Covid-19, o Metro da capital prevê o reforço da limpeza e desinfeção das áreas físicas de maior contacto manual e mobiliários das estações. E diz estar em condições de ativar de forma imediata novas orientações de saúde pública das autoridades. O serviço interno de medicina do trabalho tem estado a aprovisionar medicação para profilaxia em caso de exposição à doença e tem em armazém máscaras e outros equipamentos de proteção pessoal que podem ser distribuídos, quando e se recomendado pela DGS, pelos colaboradores que contactam diretamente com clientes. A empresa cancelou ainda todas as viagens ao estrangeiro durante, para já, o mês de março.
Fertagus
Para lá da informação nos espaços públicos, que é generalizada no setor, a empresa que explora o comboio na Ponte 25 de Abril alertou os colaboradores para que informem os superiores caso tenham viajado recentemente de e para as áreas com transmissão comunitária ativa. A Fertagus estabeleceu procedimentos para identificar, tratar e encaminhar casos suspeitos, disponibilizou máscaras cirúrgicas e luvas para uso em situações desta natureza e definiu uma zona de isolamento para colaboradores. A higienização e limpeza das superfícies mais manuseadas foi reforçada e está prevista a desinfeção no caso de deteção de casos suspeitos.
Metro do Porto
Todos os veículos da frota são desinfetados diariamente, incluindo as cabines de condução e os salões das carruagens. Nas estações subterrâneas, o procedimento é semelhante para corrimãos e outros pontos de contacto. Nos próximos dias a empresa vai receber e começar a usar equipamento de limpeza de largo espectro, que diz garantir mais eficácia e higienização mais prolongada. A Metro do Porto divulga ainda no canal corporativo Metro TV um filme informativo sobre o COVID-19.
Transtejo/ Soflusa
As empresas responsáveis pelo transporte fluvial no Tejo atualizaram e aprovaram os planos de contingência de acordo com as instruções da DGS. Locais de atividade como terminais e estações já têm ou vão ter áreas de isolamento com telefone e condições de habitabilidade. Estão a ser comprados produtos para reforçar as caixas de primeiros socorros e uma comissão de coordenação com responsáveis de várias áreas das empresas vai monitorizar os procedimentos. Está prevista a possibilidade de trabalho alternativo a partir de casa e a minimização de risco nas operações de bilheteiros, agentes comerciais e marinheiros que impliquem contacto com os passageiros.
TAP
Além dos normais procedimentos de higiene e limpeza de aviões e espaços de trabalho, a companhia aérea implementou procedimentos adicionais de limpeza e desinfeção específicos para combater o novo coronavírus, com o uso de “biocidas homologados”. Os aviões da TAP estão ainda equipados com um sistema de reciclagem do ar vertical com filtros de alta eficiência que a cada dois a três minutos “renova totalmente o ar da cabine”, permitindo extrair “99,999% dos vírus mesmo mais pequenos”, refere nota da empresa aos clientes. As tripulações estão treinadas para lidar com casos suspeitos a bordo e têm todo o equipamento necessário para o efeito e o plano de contingência face a doenças infetocontagiosas foi ativado logo em janeiro. Entretanto, a companhia aérea implementou novas políticas de cancelamento e adiamento de viagens.
STCP
A operadora de transporte rodoviário no Porto está a reforçar o controlo de acessos nas suas instalações através do rastreio preliminar de sintomas. Os STCP defendem a redução da exposição de motoristas e guarda-freios a potenciais riscos já que são essenciais à prestação do serviço. Recomendam reduzir ao mínimo os contactos com estes profissionais e guardar distância. Sugerem em alternativa o recurso a canais de informação como a Linha Azul e a compra antecipada de títulos para evitar a aquisição a bordo. Além da divulgação de informação, do reforço da desinfeção de viaturas e instalações e da operacionalização de locais de isolamento, ativou uma equipa interna coordenada pelos recursos humanos para garantir a aplicação e ajustamento das medidas.
Rede Expressos
A empresa que explora serviços rodoviários de transporte de passageiros entre as várias regiões do País está a sensibilizar os colaboradores para adotarem comportamentos preventivos e por um “forte reforço da higienização, limpeza e desinfeção dos terminais e das viaturas empregues na operação.” A transportadora admite a possibilidade de perturbações ou cancelamentos, mas garante que para já se mantém a oferta dos serviços regulares, que será atualizada se necessário. À semelhança de outras companhias do setor, a Rede Expressos flexibilizou também as suas políticas de remarcação de viagens.
De acordo com o INE, só no terceiro trimestre do ano passado foram transportados 4,9 milhões de passageiros no rio Tejo, 47,4 milhões em comboios (42,6 milhões dos quais em serviços suburbanos) e 65 milhões nos metros de Lisboa, Porto e Sul do Tejo.
(notícia atualizada às 11:25 de 13 de março)