Há seis anos, no trabalho que deu capa à EXAME de janeiro de 2013, Manuel Ferreira de Oliveira traçou ambiciosas metas para a Galp Energia, até 2020. Afirmava o então CEO da petrolífera que a empresa iria crescer cinco vezes e atingir um EBITDA de 5 mil milhões de euros, em sete anos, e que contaria com os negócios do gás natural de Moçambique e o petróleo do Brasil e Angola para atingir tamanhas metas.
Este foi o plano estratégico que o gestor deixou escrito antes de sair, em maio de 2015. “Só sou responsável pelas contas até 2014, que ainda fechei. Mas os objetivos traçados e o plano estratégico, um documento confidencial, mantinham-se válidos no momento da minha saída”, recorda. Aliás, na sua opinião, mantêm-se igualmente exequíveis ao dia de hoje. Isto, apesar de a empresa ter registado, em 2018, um EBITDA de 2,2 mil milhões de euros, muito aquém dos 5 mil milhões definidos por Ferreira de Oliveira.
“A Galp tem vindo a crescer, e a um ritmo quase exponencial. Não tão ligado aos projetos do Brasil, que ainda assim têm atingido metas desejáveis. O gás em Moçambique está mais atrasado por razões de natureza geopolítica e não tanto económica. Quando se diz 2020 diz-se 2019, ou 2021, não é um plano de negócios. Julgo que a Galp vai continuar a crescer e a minha intuição é a de que terá uma excelente performance”, conclui o antigo CEO da petrolífera, que desde que deixou estas funções não acompanha a vida da empresa “por disciplina intelectual”.
Ferreira de Oliveira geriu a Galp ao longo de 14 anos e diz ser sempre “com prazer e orgulho” que se lembra deste período da sua vida profissional. O gestor destaca três ou quatro momentos com saudade: a reestruturação da antecessora da Galp, a Petrogal, que atravessava dificuldades enormes; a admissão à cotação da empresa no mercado de capitais; o sucesso na atividade de exploração e produção no Brasil, que será âncora para a empresa, bem como o projeto do gás em curso em Moçambique; e, ainda, a reconversão da atividade de refinação.
Atualmente, o tempo de Ferreira de Oliveira está meticulosamente organizado. Dedica a sua semana ao setor petrolífero, trabalhando com os grandes fundos internacionais; ao cargo de presidente da comissão de remuneração da CGD; à Petroatlântico, um veículo de assessoria e promoção de investimentos no setor; à Universidade do Porto, onde é curador; e também a uma empresa familiar da área do mobiliário de luxo.
Manuel Ferreira de Oliveira faleceu a 5 de outubro de 2019. Entrevista realizada a propósito dos 30 anos da EXAME e publicada na edição de julho de 2019.