Mais de metade das 500 maiores e melhores empresas que figuram no ranking anual da revista Exame são hoje dominadas por capital estrangeiro. Destas, quase um quarto são participadas por capital originário de apenas três geografias: Alemanha, Espanha e França. Esta é uma das principais mudanças assinaladas por Augusto Castelo Branco, diretor comercial da Informa D&B, a empresa que fez o apuramento e a análise financeira dos dados para esta iniciativa, que já vai na sua 29ª edição.
Nestas quase três décadas, em que o País passou por diversos ciclos económicos e políticos, a composição setorial foi uma das áreas que mais alterações registou, com as indústrias transformadoras e grossistas a cederem terreno para o retalho e serviços, setores que apresentam já um peso de 30% no ranking. No que toca à criação de emprego, são ambos responsáveis pela maioria dos 450 mil postos de trabalho contabilizados, destronando aqueles que em 1989 eram os maiores empregados do País: as indústrias transformadoras e os transportes.
Mas a transferência do controlo para acionistas estrangeiros, incluindo de muitas empresas públicas, trouxe mudanças a outro nível. Essas empresas representam hoje 40% do volume de negócios total e têm uma presença significativa em seis dos doze mercados analisados, designadamente em setores tradicionais como a metalomecânica ou o têxtil.
O número de empresas exportadoras também aumentou significativamente nos anos compreendidos entre 1989 e 2017, representando já cerca de dois terços do total, Em média, um quarto do volume de negócios dessa entidades é obtido nos mercados externos.
Augusto Castelo Branco destacou a longevidade e resiliência das empresas que, ano após ano, têm figurado neste ranking. “Chegar a grande é um caminho que demora tempo, e que é feito de forma sustentada”, disse ainda, revelando que, embora a idade média das empresas portuguesas seja de 13 anos, o mesmo indicador sobre quase para o triplo nas 500 maiores. E há mesmo 13 que são centenárias.
No seu conjunto, as 500 empresas do ranking representam quase 70% do PIB nacional, 40% do volume de negócios do tecido empresarial português, metade das exportações e 18% do emprego total.
Na sessão de entrega dos prémios às empresas distinguidas nesta iniciativa da Exame, o country manager do Bankinter em Portugal, Alberto Ramos, realçou o papel crítico da banca no financiamento das empresas e valorizou a relação de proximidade construída com os clientes, considerando-a vital para perceber “as particularidades” das empresas e dos empresários. “Fala-se de digitalização, mas nada substitui o contacto humano e o conhecimento da realidade”, acrescentou.