Dentro de três meses os cerca de 3 000 postos de combustível de todo o País terão de ter, afixados nas medidoras e nas agulhetas, novos símbolos harmonizados a nível europeu que identifiquem o tipo de combustível e permitam ao consumidor escolher o mais adequado para a sua viatura e evitar confusões no momento do abastecimento.
Em causa está a aplicação da NP EN 16942:2017, a norma portuguesa que dá corpo a uma diretiva segundo a qual todos os postos de 35 países da Europa e as novas viaturas passam a ter de apresentar, a partir de 12 de outubro, estes novos identificadores de combustível, com formas geométricas distintas e informação numérica associada ao teor de biocombustível presente no produto. O objetivo é tornar claro para qualquer viajante na Europa, independentemente do país onde esteja, qual o combustível a utilizar, além de promover os combustíveis ditos “alternativos”.
Assim, as gasolinas passarão a estar identificadas por um círculo com a letra “E” (de etanol), os gasóleos por um quadrado com a letra “B” (de biodiesel) e os produtos gasosos por losangos com a sigla de cada combustível. Consoante o teor de biocombustível presente (em percentagem), as gasolinas podem ser identificadas como E5, E10 e E85 (5%, 10% e 85% de etanol presente), enquanto nos gasóleos como B7 e B10 (7% e 10% biodiesel presente). Já o diesel parafínico é identificado por XTL. Nos combustíveis gasosos há quatro designações: CNG (gás natural comprimido), H2 (hidrogénio), LNG (gás natural liquefeito) e LPG (gás pressurizado líquido).
Além dos postos de abastecimento – onde os símbolos vão conviver com as marcas comerciais que as empresas já usam, não as substituindo -, muitos dos carros produzidos nos últimos anos já apresentam o símbolo (ou símbolos) correspondentes ao combustível que suportam. No caso da gasolina o identificador mais comum nos postos deverá ser o E5 e o B7 no caso do diesel, explicou à EXAME José Alberto Oliveira, diretor técnico da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (Apetro).
“As alterações resultam de algumas reclamações de clientes que chegavam a cada posto e não conseguiam identificar os produtos, embora houvesse um standard em termos de cores. O CEN [Comité Europeu para a Standardização] decidiu constituir um grupo de trabalho para a identificação, facilitando o abastecimento aos clientes,” referiu aquele responsável. Assim, um automobilista português em viagem que tente abastecer, por exemplo, na Polónia, só precisará de fazer corresponder os símbolos da agulheta aos do depósito.
Fonte da Galp disse à EXAME que a petrolífera tem em preparação a aposição desta sinalética aos seus postos de combustível. Alguns daqueles postos já ostentam atualmente os símbolos na medidora e na agulheta de combustível. No caso do gasóleo, a etiqueta aposta é a B7; a gasolina 98 está identificada como E10 e a gasolina 95 octanas como E5.
A Repsol garante que a norma não vai implicar mudanças para os consumidores e que tem apenas objetivos informativos. “Esperamos concluir a implementação nos 462 postos de abastecimento de marca Repsol em Portugal no próximo mês de outubro,” disse à EXAME fonte daquela petrolífera.
A BP e a Prio também foram contactadas para perceber em que ponto está a instalação naquelas gasolineiras mas, até ao momento, não foi possível obter resposta.
A Apetro fez parte do grupo de trabalho que em Portugal que, no âmbito da comissão técnica de produtos petrolíferos, esteve na génese da norma portuguesa (NP EN 16942:2017). “Acelerámos muito estes processos, tentámos traduzir o mais rapidamente possível para as companhias também começarem a fazer o seu trabalho,” acrescentou José Alberto Oliveira .
A norma já está publicada desde setembro do ano passado e a operação, do lado das gasolineiras, já está a decorrer, com a produção dos símbolos a afixar nos pontos de venda. Além disso, em setembro estará nas ruas uma campanha preparada pela FuelsEurope e traduzida e adaptada para Portugal pela Apetro e pela ACAP para explicar este novo sistema de identificação.
“Esta campanha de divulgação praticamente nem seria precisa, porque o próprio mercado se ajustaria. É uma alteração que as pessoas vão ver, se calhar olham para uma medidora e reparam que há mais um símbolo que lá está. Mas é de toda a justiça que lhes seja dada uma informação,” admite o responsável, que já deu conhecimento da campanha à Anarec e à APED, cujos associados gerem em conjunto cerca de mil postos de combustível.
(notícia atualizada com reação da Repsol)