Elites “periféricas paroquiais”, “extrativas de rendas” e “penduradas no Estado”. Para Nuno Garoupa, economista e professor de Direito, este é, a par do “alheamento” da sociedade civil, dos maiores problemas de Portugal. Acabado de regressar aos Estados Unidos, depois de três anos na Fundação Francisco Manuel dos Santos – dois deles como presidente –, pergunta porque é que as restantes famílias nos lugares cimeiros entre os mais ricos do país não seguiram o exemplo da família Soares dos Santos, financiando fundações que se dediquem a pensar, estudar e promover Portugal.
Como vê o país? Muitas vezes temos análises de copo meio cheio ou meio vazio…
Portugal tem feito a sua evolução. Há um processo de mudança e modernização. Agora, o resto do mundo não ficou à espera. Portanto, Portugal vai sempre atrasado. Para recuperar, tem de ir mais rápido do que os outros. Ora, não é isso que está a acontecer.
Numa entrevista recente disse que as elites continuam a ser o pior de Portugal. Porquê?
As elites continuam a ter dois problemas, que possivelmente até se agravaram nos últimos 10 anos.
O primeiro é o sistema de escolha. As elites portuguesas não são escolhidas num sistema competitivo. Não há elevador social em Portugal. O que existe é um sistema de cooptação: as elites que estão escolhem as elites que chegam.
Quem está no grupo escolhe quem se junta ao grupo?
Exatamente. Isso na sociedade portuguesa tem uma palavra corriqueira, que é “cunha”.
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