Uma profunda e virtuosa revolução, encetada na viragem do século, tornou a Cotesi, fundada há 50 anos por Manuel Violas, no campeão mundial do fio agrícola natural (sisal) e sintético.
Em primeiro lugar, a empresa decidiu concentrar energias num nicho de mercado e especializar-se no crop packaging (enfardamento). Abandonou, então, o negócio dos sacos e telas sintéticas, que se revelava deficitário e com um futuro um tanto ou quanto incerto. Depois, traçou uma ofensiva expansionista, combinando a instalação de bases fabris de fio e rede nos Estados Unidos e no Brasil, com a aquisição de distribuidoras nos principais mercados destes países. Após um investimento de 40 milhões de euros (2003/2010), evoluiu para uma multinacional que domina toda a cadeia de fabrico e beneficia de uma proximidade aos clientes que facilita o desenvolvimento de produtos específicos e torna imbatível o nível de serviço prestado.
No ano de 2003, a Cotesi estava refém de 10 clientes, que representavam 80% das vendas. Hoje em dia, lida com 10 mil clientes e opera com distribuidoras próprias em nove dos principais mercados, como os Estados Unidos, o Canadá ou França. Por exemplo, nos Estados Unidos conta com 50 centros de distribuição. A empresa exporta 90% da produção (200 milhões de euros) para 90 mercados. O negócio do enfardamento representa 60% da faturação.
A vantagem competitiva desta empresa decorre “desta nossa presença global, que nos concede proximidade aos mercados, e de uma experiência fabril que estimula a produtividade e nos permite apresentar produtos tecnicamente mais evoluídos”, resume o administrador, Carlos Silva.
A Cotesi não sente a liderança mundial ameaçada, pois até lida em cada mercado com a concorrência local e de fabricantes portugueses relevantes. Mas só um único operador tem o perfil de multinacional como a Cotesi: a empresa israelita Tama Industry, uma sociedade representativa da economia comunitária e detida por um kibutz.
Este artigo é parte integrante da Exame de Junho de 2017