A retoma económica posterior à grande crise global de 2008 e 2009 está a ser adjetivada de um modo diferente: lenta, anémica, medíocre. Está rodeada de algum pessimismo. A crise das dívidas soberanas dos periféricos da Zona Euro em 2012 atrapalhou-a, desde logo, na Europa. As bolsas mundiais quebraram em 2011 e voltaram a cair em 2015. Na Europa, depois de uma derrocada em 2011, as bolsas estão no vermelho há três anos consecutivos, incluindo 2016. O crescimento mundial foi de 4% em 2010 e 2011, mas caiu para o patamar de 3% nos anos seguintes, atingindo a taxa mais baixa do quinquénio em 2016, com uma previsão de 3,1% pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). O comércio internacional, a mola que faz mover um mundo cada vez mais integrado, reduziu-se brutalmente de 12,4% em 2010 para 2,3% seis anos depois.
Dois economistas, M. Ayhan Kose, diretor de um grupo de investigação do Banco Mundial, e Marco Terrones, do Departamento de Investigação do FMI, procuram responder a esta “anomalia” numa investigação mais vasta sobre todas as crises globais desde os anos 60 que publicaram em Collapse and Revival – Understanding Global Recessions and Recoveries, editado pelo FMI. Verificaram que, de nove em nove anos, a economia mundial entrou em crise global – durante quatro anos, em 1975, 1982, 1991 e 2009 –, ou esteve muito próximo de uma tal contração – em 1998 e 2001. Em entrevista à EXAME, M. Ayhan Kose sublinha que quando as retomas económicas, saídas de crises globais importantes, coincidem com choques de elevada incerteza, a dinâmica é ainda mais fraca.
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