A concentração da economia portuguesa no sector terciário é um pilar da história do país nas últimas décadas. E esta é uma história que as maiores empresas em Portugal contam na perfeição, concluem a Deloitte e a Informa D&B com base na análise das edições históricas das 500 Maiores & Melhores Empresas em Portugal (500 M&M), a publicação da revista “Exame” que irá completar na próxima edição, em novembro de 2015, 26 anos e que distingue as maiores e melhores empresas no país.
“A terciarização da economia é a principal evolução verificada ao longo destes 25 anos”, destaca Teresa Menezes, diretora-geral da Informa D&B. “A evolução das 500 M&M é um bom retrato da concentração da atividade empresarial nacional nos serviços”, reforça João Gomes, sócio da Deloitte.
A tendência é inequívoca. Entre 1989 e 2013, as indústrias transformadoras e o sector grossista perdem peso entre as 500 M&M em favor dos serviços, do gás, eletricidade e água, do retalho e das telecomunicações.
“No período que compreende as 25 edições das 500 M&M, a economia portuguesa sofreu um processo de redução da importância do sector secundário, com os sectores relacionados com os serviços a ganharem importância”, aponta João Gomes.
Em termos de número de empresas no ranking, as indústrias transformadoras e o sector grossista tinham a liderança em 1989 e mantêm-na em 2013. Mas o seu peso nas 500 M&M reduziu-se. Ao mesmo tempo, os serviços e o gás, eletricidade e água foram os sectores que mais aumentaram a sua representatividade. Mais ainda, “todos os sectores que cresceram em número de empresas no universo das 500 M&M entre 1989 e 2013 são do sector terciário”, nota João Gomes.
A evolução do volume de negócios mostra a mesma tendência. Indústrias transformadoras e sector grossista mantêm em 2013 a liderança que tinham em 1989, mas perdendo peso. Em sentido contrário, gás, eletricidade e água, serviços e telecomunicações lideraram as subidas. Por fim, o emprego registou as maiores transformações: as indústrias transformadoras perdem o primeiro lugar, que detinham em 1989, para os serviços e o retalho, os dois sectores que mais reforçaram a sua importância ao longo dos últimos 25 anos.
“A tendência de terciarização da economia fica evidente nesta análise à representatividade dos sectores no universo das 500 M&M”, considera Teresa Menezes. “Sectores como as indústrias transformadoras perderam peso para sectores que ganharam uma nova dinâmica e espaço no tecido empresarial, como os serviços”, concretiza.
Nos serviços, há mais empresas, fruto da reorientação da economia, e “têm surgido grandes players, nomeadamente empresas prestadoras de serviços de outsourcing, como as empresas de recursos humanos e de trabalho temporário, de segurança ou de saúde (os hospitais particulares são um exemplo)”, nota Teresa Menezes. Quanto ao gás, eletricidade e água, “a liberalização do sector, onde surgiram novos players, e a sofisticação neste negócio, onde algumas empresas distribuíram a sua atividade, criando outras empresas especializadas, contribuíram para a sua dinâmica”. Destaque ainda para as transformações no retalho, com o surgimento e multiplicação das grandes superfícies. “Uma nova realidade que explica o significativo aumento do emprego gerado pelo sector”, aponta Teresa Menezes.
O regresso da indústria
Apesar da perda de relevância das indústrias transformadoras no ranking entre 1989 e 2013, a partir de 2011 o sector recomeça a ganhar peso no volume de negócios das 500 M&M. Um ressurgimento que coincide com a entrada da troika e a crise económica em Portugal. “A contração do mercado interno obrigou as empresas a reorientarem a sua produção para os mercados externos”, nota João Gomes. “As empresas com melhores condições de sobreviver e mitigar o impacto da crise são as que podem exportar, as que produzem bens e serviços transacionáveis”. Ora, as firmas industriais encaixam com perfeição neste perfil.
Teresa Menezes aponta no mesmo sentido: “Esta vaga tem-se verificado sobretudo com a aposta das indústrias transformadoras nos mercados externos”. O sector já tinha uma vocação exportadora e com a quebra do mercado interno reforçou a aposta: as exportações representaram quase metade (48%) do volume de negócios das empresas da indústria transformadora presentes no ranking em 2013, quando em 2008 ficavam nos 39%. E esta percentagem tem subido todos os anos desde 2009. João Gomes considera, contudo, “prematuro” falar numa reindustrialização do país. Até porque, “o sector terciário continua a representar mais de 50% do volume de negócios das 500 M&M em 2013”.
INDICADORES
24%
é o peso dos serviços no emprego das 500 M&M.
Segue-se o retalho, com 23%. Em 1989, era de 5% e de 6%
22%
é quanto representam as indústrias transformadoras no emprego das 500 M&M. Em 1989 tinham a liderança, com 34%
Este artigo foi publicado originalmente no Expresso de 8 de novembro de 2014. E esta é a quarta de seis republicações – de temas que continuam a marcar a atualidade – que o Expresso e a “Exame” estão a fazer, marcando o arranque da 26ª edição das 500 M&M.
A concentração da economia portuguesa no sector terciário é um pilar da história do país nas últimas décadas. E esta é uma história que as maiores empresas em Portugal contam na perfeição, concluem a Deloitte e a Informa D&B com base na análise das edições históricas das 500 Maiores & Melhores Empresas em Portugal (500 M&M), a publicação da revista “Exame” que este ano completa 25 anos e que distingue as maiores e melhores empresas no país.
“A terciarização da economia é a principal evolução verificada ao longo destes 25 anos”, destaca Teresa Menezes, diretora-geral da Informa D&B. “A evolução das 500 M&M é um bom retrato da concentração da atividade empresarial nacional nos serviços”, reforça João Gomes, sócio da Deloitte.
A tendência é inequívoca. Entre 1989 e 2013, as indústrias transformadoras e o sector grossista perdem peso entre as 500 M&M em favor dos serviços, do gás, eletricidade e água, do retalho e das telecomunicações.
“No período que compreende as 25 edições das 500 M&M, a economia portuguesa sofreu um processo de redução da importância do sector secundário, com os sectores relacionados com os serviços a ganharem importância”, aponta João Gomes.
Em termos de número de empresas no ranking, as indústrias transformadoras e o sector grossista tinham a liderança em 1989 e mantêm-na em 2013. Mas o seu peso nas 500 M&M reduziu-se. Ao mesmo tempo, os serviços e o gás, eletricidade e água foram os sectores que mais aumentaram a sua representatividade. Mais ainda, “todos os sectores que cresceram em número de empresas no universo das 500 M&M entre 1989 e 2013 são do sector terciário”, nota João Gomes.
A evolução do volume de negócios mostra a mesma tendência. Indústrias transformadoras e sector grossista mantêm em 2013 a liderança que tinham em 1989, mas perdendo peso. Em sentido contrário, gás, eletricidade e água, serviços e telecomunicações lideraram as subidas. Por fim, o emprego registou as maiores transformações: as indústrias transformadoras perdem o primeiro lugar, que detinham em 1989, para os serviços e o retalho, os dois sectores que mais reforçaram a sua importância ao longo dos últimos 25 anos.
“A tendência de terciarização da economia fica evidente nesta análise à representatividade dos sectores no universo das 500 M&M”, considera Teresa Menezes. “Sectores como as indústrias transformadoras perderam peso para sectores que ganharam uma nova dinâmica e espaço no tecido empresarial, como os serviços”, concretiza.
Nos serviços, há mais empresas, fruto da reorientação da economia, e “têm surgido grandes players, nomeadamente empresas prestadoras de serviços de outsourcing, como as empresas de recursos humanos e de trabalho temporário, de segurança ou de saúde (os hospitais particulares são um exemplo)”, nota Teresa Menezes. Quanto ao gás, eletricidade e água, “a liberalização do sector, onde surgiram novos players, e a sofisticação neste negócio, onde algumas empresas distribuíram a sua atividade, criando outras empresas especializadas, contribuíram para a sua dinâmica”. Destaque ainda para as transformações no retalho, com o surgimento e multiplicação das grandes superfícies. “Uma nova realidade que explica o significativo aumento do emprego gerado pelo sector”, aponta Teresa Menezes.
O regresso da indústria
Apesar da perda de relevância das indústrias transformadoras no ranking entre 1989 e 2013, a partir de 2011 o sector recomeça a ganhar peso no volume de negócios das 500 M&M. Um ressurgimento que coincide com a entrada da troika e a crise económica em Portugal. “A contração do mercado interno obrigou as empresas a reorientarem a sua produção para os mercados externos”, nota João Gomes. “As empresas com melhores condições de sobreviver e mitigar o impacto da crise são as que podem exportar, as que produzem bens e serviços transacionáveis”. Ora, as firmas industriais encaixam com perfeição neste perfil.
Teresa Menezes aponta no mesmo sentido: “Esta vaga tem-se verificado sobretudo com a aposta das indústrias transformadoras nos mercados externos”. O sector já tinha uma vocação exportadora e com a quebra do mercado interno reforçou a aposta: as exportações representaram quase metade (48%) do volume de negócios das empresas da indústria transformadora presentes no ranking em 2013, quando em 2008 ficavam nos 39%. E esta percentagem tem subido todos os anos desde 2009. João Gomes considera, contudo, “prematuro” falar numa reindustrialização do país. Até porque, “o sector terciário continua a representar mais de 50% do volume de negócios das 500 M&M em 2013”.
INDICADORES
24%
é o peso dos serviços no emprego das 500 M&M.
Segue-se o retalho, com 23%. Em 1989, era de 5% e de 6%
22%
é quanto representam as indústrias transformadoras no emprego das 500 M&M.
Em 1989 tinham a liderança, com 34%
Este artigo foi publicado originalmente no Expresso de 08 de novembro de 2014. E esta é a quarta de seis republicações – de temas que continuam a marcar a atualidade – que o Expresso vai fazer, marcando o arranque da 26ª edição das 500 M&M da revista “Exame”.