Portugal está mais atraente para o investimento estrangeiro. Quem o diz é Miguel Frasquilho, presidente da AICEP -Portugal Global, que considera que estão a ser feitas reformas há muito necessárias para tornar o país mais competitivo. Em entrevista à EXAME, Frasquilho apresenta a estratégia da AICEP para apoiar as empresas na entrada em novos mercados e atrair mais e melhor investimento para Portugal.
Portugal é atraente para o investimento estrangeiro?
Dos últimos largos anos, talvez seja este o momento em que Portugal é mais atraente para o investimento estrangeiro. Claramente. Por vários motivos. Primeiro, estamos a construir um ambiente business friendly. Começámos, em 2010/2011, a proceder a transformações na economia em matérias que, do meu ponto de vista e já o digo há muito tempo, eram impeditivas de sermos mais atrativos e competitivos. Durante mais de uma década não nos preparámos para ser membros da Zona Euro. Só fizemos esse trabalho com a troika em Portugal. Foi pena ter de vir uma troika estrangeira para ” dizer” o que tínhamos de fazer. Foi pena que enquanto povo e a nossa comunidade empresarial também não o tivéssemos exigido aos responsáveis políticos. Outros países foram dando o salto e nós ficámos parados.
Está a falar da europa de Leste?
Não só. Também houve países da Europa Ocidental que se adaptaram ao euro. E os países da Europa de Leste aproveitaram a entrada na União Europeia, em 2004, para fazerem reformas e serem mais atrativos, numa altura em que ganharam visibilidade.
Refere-se à questão fiscal?
Por exemplo. Já então eu falava sobre questões fiscais. Lamentavelmente, não tenho sido muito ouvido.
Quais são os outros motivos?
O segundo é termos acabado de forma favorável e dentro do tempo previsto o programa de resgate. Terceiro, este percurso tem vindo a ser reconhecido pelas instâncias internacionais especialistas na matéria. Os rankings de competitividade que são acompanhados em todo o mundo mostram Portugal em recuperação em 2014, invertendo a trajetória descendente de há quase uma década. E, por fim, os indicadores mostram que a economia está mais internacionalizada e suporta melhor os choques. Embora ainda não tenha chegado ao nível de outros congéneres europeus, estou muito confiante de que vamos caminhar para lá.
Porque é que não há mais resultados e não aparecem investimentos como o da autoeuropa?
Autoeuropa apareceu apenas uma, em 1991. E até reapa receu este ano, com mais 680 milhões de euros.
Era um investimento que já estava a ser programado.
Mas que podia não ter acontecido, e aconteceu.
E novos projetos?
Temos tido investimentos muito relevantes. Por exemplo, Altran, Visteon, BNP Paribas, Bosch, Siemens, a francesa Mecachrom. São projetos que já foram assinados. E não posso referir nomes nem montantes, mas posso dizer que entre 2015 e 2017 vamos ter muito boas notícias em termos de investimento em Portugal. Estou a falar de montantes muito significativos, na casa dos milhares de milhões de euros.
São investimentos já garantidos?
São investimentos que estão a ser trabalhados e estão bem encaminhados.
Haverá novidades já em 2015?
É a nossa intenção. Além disso, no primeiro trimestre iremos estar em contacto com países que elegemos para captar investimento.
As melhorias que referiu já estão a ter reflexos no investimento captado por Portugal?
Os números, até agosto, mostram uma subida do investimento direto estrangeiro em Portugal, este ano na casa dos dois dígitos em relação ao ano passado.
Quais são as âncoras desse crescimento?
Uma é o setor automóvel, com a Autoeuropa. 680 milhões de euros é um valor que mexe o ponteiro.
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