Ter mais de 30 mercados na sua carteira de clientes no final de dezembro é um objetivo estratégico que a Inarbel quer cumprir este ano. “Já estamos em 22 países, mas contamos com a América Latina e África para continuar a alargar os nossos negócios”, comenta José Armindo, presidente desta têxtil de Marco de Canaveses, com vendas de sete milhões de euros e a perspetiva de crescer 15% neste exercício.
O empresário, que coloca nos negócios a mesma ambição com que entrava em campo como avançado ao serviço de clubes de futebol como o Boavista, o Penafiel ou o Bolton, está já a investir 500 mil euros na ampliação da capacidade de produção da fábrica e espera duplicar, em dois anos, as vendas da marca própria Dr. Kid, dedicada a vestuário dos 0 aos 16 anos.
Especializada na produção de malhas exteriores, a empresa, fundada em 1984, também trabalha os segmentos de roupa de homem e de senhora em regime de subcontratação, tendo decidido jogar ao ataque apostando em design e tecnologia e na marca própria Dr. Kid para crescer na cadeia de valor e impor-se lá fora.
Quando os pais, antigos feirantes, criaram a empresa, a Inarbel era só um pequeno pavilhão. José Armindo juntou-se ao negócio depois de deixar os relvados, aos 27 anos, definiu pontos fortes e fracos, investiu em estratégia e inovação e foi ganhando balanço para alterar a dinâmica da empresa.
Atento à fuga de encomendas e clientes para o Leste Europeu e para a Ásia, decidiu criar um novo músculo através da roupa de bebé e criança com marca própria, contrariando assim a quebra da procura no private label. Atualmente, a Inarbel, com 200 colaboradores, tem sete lojas a vender a marca própria na zona metropolitana do Porto e está presente em mais 300 lojas multimarca no país, mas um dos projetos em curso passa pela expansão internacional desta rede, “provavelmente em regime de parceria ou franchising”. Os destinos alvo são vários, dos Emirados Árabes Unidos a Itália, uma das conquistas recentes da Dr. Kid.
Os principais mercados estão na Europa, Espanha e Alemanha, mas a Tunísia e a Turquia alargaram recentemente as rotas da Inarbel, a beneficiar, na opinião do empresário, “da boa imagem e da força dos têxteis made in Portugal em todo o mundo”.
A palavra de ordem, aqui, “é diversificar para evitar ter os ovos todos no mesmo cesto”, diz o empresário, que tem na sua marca 25% das vendas da Inarbel e exporta 90% da produção. Na Colômbia, onde José Armindo participou recentemente na feira Colombiamoda, surgiram novos negócios, no México, Equador, Costa Rica e Panamá, além de um contrato, em fase de conclusão, para colocar os produtos da marca Dr. Kid em 25 lojas daquele país sulamericano.
“Foi o terceiro ano em que estive nesta feira na Colômbia, país com bom potencial e oportunidades de abrir portas para outros mercados, e a verdade é que fiz negócios todos os dias e consegui até contactos para o Canadá”, comenta.
“A nossa oferta é mais cara do que o preço médio local, mas temos no design europeu, no produto e na coordenação das cores fatores distintivos. A economia do país está a crescer, o poder de compra também, e a taxa de natalidade é superior à portuguesa”, refere. Na sua opinião, um dos segredos do sucesso “está, invariavelmente, na resiliência”. E a Colômbia é a prova disso: “Um cliente passou pelo meu stand nas edições anteriores sem comprar nada, mas à terceira foi de vez. Percebeu que a empresa tinha uma proposta consistente e fez negócio connosco”, comenta o empresário, habituado a fazer seis a sete feiras internacionais por ano e a marcar golos.
Este artigo é parte integrante da edição de setembro da Revista EXAME