As ESG Talks têm o apoio do novobanco
O maior problema no caminho para a sustentabilidade não é o clima, mas sim as questões sociais. Quem o diz é Mário Parra da Silva, presidente da United Nations Global Compact Network Portugal, nas ESG Talks – uma iniciativa do novobanco em parceria com a VISÃO e a EXAME, com os knowledge Partners Nova SBE e PwC.
“A questão social devia estar a ser a grande preocupação do mundo em relação à sustentabilidade e não o clima. Agora que está a decorrer a COP é importante realçar isso. Se olharmos para o continente africano, vamos ter um crescimento exponencial da população nos próximos anos. Ou há lugares com condições para todas as pessoas no mundo ou vamos ter um problema”, considera Parra da Silva.
A questão social devia estar a ser a grande preocupação do mundo em relação à sustentabilidade e não o clima.
Mário Parra da Silva, presidente da United Nations Global Compact Network Portugal
A população atual do continente africano é de 1,5 mil milhões, segundo o site Worldmeter. Em 2050 prevê-se que o número seja pelo menos o dobro e o continente vai corresponder a um quarto de toda a população no mundo, de acordo com as Nações Unidas. A população da Nigéria, recorda Parra da Silva, deverá chegar aos 500 milhões nessa altura – mais do dobro face a 2021.
Num painel com o título “As boas práticas de governance e a qualificação da gestão”, Paulo Câmara, sócio da Sérvulo & Associados mostra-se confiante com o futuro e a adaptação das empresas. Mas olha também para o lado meio vazio do copo: “Tem havido uma evolução polarizada nas empresas. Enquanto nas empresas financeiras e cotadas, a evolução é grande, nas PME não se pode dizer o mesmo”.
“O que acho que está a mudar é a noção do risco. Agora não são só os operacionais, mas também são tidos em conta os ambientais. E ainda a noção do propósito. O desígnio útil, para além dos dividendos e lucros, também passou a ser o de criar impacto social”, acrescenta.

Mário Parra da Silva salienta a mudança nas empresas nos últimos anos. “Agora, as empresas são acima de tudo organizações com valores sociais. O dono é quem tem valor, mas a função social é mais importante, porque existem muitas famílias a depender direta ou indiretamente das empresas”.
No mesmo painel, Cláudia Coelho, partner da PwC, lembra que para muitas empresas “já não é suficiente montar um negócio só para agradar ao acionista. É preciso cada vez mais pensar em modelos de governança”. “Vamos obrigar as empresas a reestruturar o modelo, as áreas de risco, a formalizar o que muitas vezes é feito com base no instinto .É fundamental para os riscos e para a questão da transparência”.

No final, Paula Franco, bastonária da Ordem dos Contabilistas, encerrou o evento lembrando que existe ainda “uma grande confusão sobre tudo isto”. “Estas matérias são discutidas em várias conferências internacionais, todos os dias, mas são raras as vezes em que saem conclusões”.
“Quando se diz que o lucro não é o mais importante, também não se pode deixar para trás. Sem ele, não há investimento nesta matéria”, conclui.
