O princípio do químico do século XVIII Antoine de Lavoisier, segundo o qual “na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, pode ser aplicado ao ciclo da água. São precisamente as leis da natureza que ditam a circularidade deste recurso que é, por definição, finito e que enfrenta crescentes desafios de escassez, por um lado, devido aos diversos usos decorrentes da atividade humana, por outro lado, em consequência das alterações climáticas, que se refletem, nomeadamente na maior frequência e intensidade dos períodos de seca.
É neste quadro que se impõe dar valor à água. E é este o denominador comum das empresas que integram o Grupo Águas de Portugal (AdP), que incorporam os princípios da circularidade na gestão do ciclo urbano da água.
Assim, o Grupo AdP está investido em capitalizar o potencial de sustentabilidade da água, mediante a adoção de modelos de valorização de toda a cadeia de valor das suas operações. No essencial, trata-se de transformar em nova matéria-prima o que, numa primeira leitura, é visto como resíduo.
Aliás, a aceleração da economia circular da água constitui uma das sete ambições do compromisso de sustentabilidade do Grupo, através da minimização dos resíduos produzidos e na sua valorização enquanto subprodutos, permitindo recuperar materiais e conservar as massas de água e ainda promover a neutralidade energética e carbónica .
Qual o potencial efetivo de circularidade no ciclo urbano da água?
Incorporar os desafios da economia circular na gestão do ciclo urbano da água tem impactos positivos quer ao nível do consumo de recursos naturais quer da redução de resíduos produzidos. O que se verifica é que a água, um recurso por si só, se transforma, nas várias etapas da circularidade, em fonte de novos recursos, sendo um elo crucial num outro ciclo: o da inovação rumo a um futuro mais sustentável.
É esta a convicção da AdP, que é parceira do Banco Mundial no programa “WICER – Water in Circular Economy and Resilience”, desenhado para promover os princípios circulares e de resiliência de gestão da água em cidades de todo o mundo. E é igualmente parceira na iniciativa “Utilities of the Future”, que apoia entidades gestoras de serviços de água na construção de uma visão a longo prazo que lhes permita cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, das Nações Unidas.
Eis alguns exemplos de circularidade na gestão do ciclo urbano da água, aplicados pelo grupo AdP:
Primeiro, a reutilização
A reutilização de água residual tratada constitui uma origem alternativa de água que contribui para o uso sustentável dos recursos hídricos, em linha com os princípios da economia circular. Esta água pode ser reutilizada para fins compatíveis, tais como a rega agrícola, de espaços públicos e de campos de golfe, as lavagens urbanas e de equipamentos e a recuperação de ecossistemas naturais. Na agricultura, assume um outro valor acrescentado, na medida em que pode constituir uma fonte de nutrientes.
A todo o (bio)gás
A matéria orgânica que é retirada durante o processo de tratamento das águas residuais é encaminhada para digestão anaeróbia, processo em que é gerado biogás que permite produzir energia elétrica. O aproveitamento energético deste biogás tem impacto também na redução das emissões para a atmosfera. . E quando há excedente, depois de purificado, produz biometano e hidrogénio verde, 100% renováveis e neutros em carbono, que podem ser injetados na rede de gás natural ou ser utilizados como combustível, promovendo uma mobilidade mais sustentável..
A agricultura agradece
Tendo por objetivo a valorização máxima do ciclo produtivo, a par da prevenção da poluição, o Grupo AdP foca a sua atenção nas novas oportunidades para aumentar o aproveitamento de alguns subprodutos. Assim acontece com as lamas que resultam do processo de tratamento das águas residuais. É no processo de digestão da matéria orgânica retirada das águas que se formam as lamas, compostos ricos em nutrientes com elevado potencial agronómico. Possuem, nomeadamente, fósforo e azoto, o que as torna excelentes fertilizantes, permitindo responder à carência dos solos.
É obra!
Em curso está uma mudança de paradigma no que toca à gestão da água, com um dos desafios a envolver a identificação de novas utilizações para os resíduos resultantes do tratamento. Um deles são as areias, logo retiradas na fase inicial dos processos de tratamento, e que podem ter uma segunda vida, depois de serem elas próprias tratadas: uma vez recicladas, podem ter aplicação no setor da construção civil. Significa isto que substituem matérias-primas virgens, evitando a exploração de recursos naturais e implicando menores custos. A vantagem é, pois, dupla: ambiental e económica.
Descubra mais aqui sobre o valor da água e outros projetos do grupo AdP.