Imagine-se uma criança, um jovem, um adulto. Qual deles não sente o apelo de pertencer ao grupo ao mesmo tempo que quer sentir-se único e especial? Desejavelmente, todos. Porque este é o equilíbrio de um desenvolvimento saudável, de uma vida mais harmoniosa.
Imagine-se agora apenas uma criança. Quando nasce, já traz a sua identidade própria, mas, à medida que cresce, essa identidade vai-se afirmando, na construção do ser único que é. Porém, nessa construção não podem faltar os alicerces da família, dos amigos e, mais tarde, de outras comunidades. É nesses alicerces que corre o sentimento de pertença e, com ele, a perceção de segurança, de amor.
No Natal, estes sentimentos estão mais evidentes do que nunca, com o espírito de união das famílias a intensificar-se naturalmente: afinal, a quadra é de comunhão. E a Zippy, como marca atenta às famílias e ao desenvolvimento das crianças, lança uma campanha que visa precisamente promover a importância do equilíbrio entre a pertença e a individualidade, incentivando o diálogo com os mais pequenos: “It’s Christmas, Rise Together”.
E porquê esta mensagem?
A Zippy explica que há urgência em equilibrar estes dois pratos da balança do desenvolvimento: a pertença e a identidade. E acredita, igualmente, que, num mundo que ainda faz o seu caminho no respeito pela diferença, é fundamental ajudar as crianças a saber gostar e respeitar a sua individualidade – a identificarem os seus gostos, valores, as suas ambições, mas também os seus receios, as suas opiniões e qualidades, bem como oportunidades de melhoria. Sempre alimentando o gosto pela partilha com os outros, porque é a pertença que permite a construção de memórias, matéria-prima essencial para o ser humano em qualquer idade.
Como um castelo de cartas
Esta urgência entre a pertença e a identidade é partilhada por Mário Cordeiro, com o qual a Zippy estabeleceu uma parceria: e desse diálogo, nasceu a mensagem fundamental da campanha de Natal da marca.
E, se este equilíbrio pode ser equiparado a uma balança, o especialista em desenvolvimento infantil prefere a imagem de um castelo de cartas. Numa carta aberta às famílias, Mário Cordeiro evoca como esse castelo, erguido com as 52 cartas de um baralho, é simultaneamente forte e frágil. As cartas apoiam-se umas nas outras, mas cada uma vale por si: “As 52 cartas têm a sua identidade própria – um às de espadas não é o mesmo que uma dama de ouros – mas precisam umas das outras para formarem algo que contribui para o crescimento do baralho, e se as voltarmos, todas, têm algo em comum: o padrão que as reveste.”
Na sua carta aberta às famílias, Mário Cordeiro deixa uma reflexão sobre o poder deste equilíbrio: “Assim conseguimos o que desejamos: sermos nós próprios, com a nossa identidade, mas pertencermos a algo e a alguém. O castelo de cartas sai reforçado, sem perder o valor de cada carta, mas cimentando, pelo simbolismo desses momentos, a sua coesão e a sua força.”
7 perguntas ao pediatra Mário Cordeiro
“Cada um de nós é único, insubstituível e imprescindível“
— Mário Cordeiro
De forma muito resumida, como explicaria a todos os pais a importância desta mensagem de Natal da Zippy?
Chamaria a atenção para o facto de cada um de nós, pais incluídos, sermos únicos, insubstituíveis e imprescindíveis. É por isso que somos diferentes, todos, mas também importantes, mesmo que, por vezes, pensemos que a nossa vida “não vale nada”. Vale. E muito. O mundo seria diferente sem qualquer um de nós, e isso deriva, justamente, de termos a nossa identidade, que permite alterarmos, de alguma forma, o rumo do mundo e, também, contribuirmos para que a sociedade seja o que é. Por vezes da melhor maneira, outras nem tanto, mas sempre marcando uma diferença.
Falamos da importância do respeito pela individualidade. Como é que isso se pode trabalhar com as crianças?
A melhor forma de a trabalhar e reforçar é não ter atitudes demasiado rígidas e fixas, ou estandardizadas, no que toca à educação, ensino e aprendizagem. Dou exemplos: um casal com dois ou três filhos tem de assumir uma coisa que pode parecer estranha a quem ouve, mas que é importante e que entenderão facilmente – os pais do filho A não são os pais do filho B, nem do C, mesmo que tenham o mesmo nome e o mesmo cartão de cidadão… quero com isto dizer que não é nem deve ser obrigatório tratar os filhos do mesmo modo, dar as mesmas coisas, os mesmos brinquedos, andarem todos na mesma atividade extracurricular, terem os mesmos amigos… estar sempre com complexos de culpa de “aferir uma balança” que não deve existir entre filhos. O mesmo se aplica à relação entre professores/educadores e alunos, ou treinadores e praticantes de modalidades desportivas.
E para reforçar o sentimento de pertença nos mais pequenos, que ferramentas podem ser utilizadas?
Desde sempre que um bebé desenvolve esse sentimento, expresso no facto de morar numa determinada casa com determinadas pessoas, ter um nome que compartilha com outros, ter até diminutivos e outros nomes que só a família usa – todos nós temos uma data de nomes pelos quais só os familiares ou amigos mais próximos nos tratam. Depois, celebrarmos as mesmas datas (aniversários, por exemplo), passarmos momentos de lazer em comum (férias, programas de fins-de-semana) e, finalmente, desenvolvermos gostos parecidos em muitas vertentes, designadamente estéticos. Claro que isto inclui sabermos que podemos contar com os outros elementos da família, para partilhar sucessos, mas também insucessos e tristezas.
Os traumas relacionados com desamparos são os que “mais pessoas levam ao divã do psicanalista
Qual o risco de esse sentimento de pertença ao grupo (nomeadamente a família) não ser alimentado na infância?
O risco é grande: desamparo e solidão. Uma coisa é, ao longo da vida, já depois da chamada Idade da Razão, as pessoas decidirem dar-se mais com uns do que com outros, e até quebrarem contacto ou relações. Outra, essa sim grave, é não ter apoio ou sentimento de pertença em criança, muito particularmente nos anos dos quais não nos recordamos, ou seja, os quatro primeiros anos. Os traumas relacionados com desamparos são os que “mais pessoas levam ao divã do psicanalista”, ou seja, aqueles que estão sempre, como fantasmas, a assombrar-nos e a levar-nos a atitudes e comportamentos, e estados de alma, que não sabemos explicar e que, por causa disso, desse aspeto paradoxal e de falta de justificação, nos abalam ainda mais. Um dos maiores fatores protetores do ser humano é ter a memória, mesmo que não seja muito presente, mas está no inconsciente, de que alguém nos amou. E se, também, tivermos a certeza de que alguém nos ama, muito melhor, claro.
E como se constrói a individualidade nesse processo? São linhas paralelas ou linhas que se cruzam?
Diria que é uma arte: manter a união do grupo e do ecossistema, seja ele a família ou a escola, por exemplo, cultivando ao mesmo tempo a identidade e a individualidade da pessoa. Os sistemas políticos que deram o privilégio total à pessoa, deixando para último lugar a sociedade, falharam e causaram infelicidade; os que só privilegiaram a sociedade e abandonaram o indivíduo, falharam igualmente e causaram infelicidade similar. No meio é que está a virtude – é uma frase feita, mas que não deixa de continuar válida. As linhas, portanto, serão sinusoides que se entrecruzam e completam.
Cabe-nos a nós, adultos, pais e educadores, sermos os moderadores, airbags, chame-se o que se quiser, que pode desenvolver, incrementar e, se necessário, restaurar o equilíbrio
De que modo os pais podem identificar nas crianças comportamentos que evidenciem que este equilíbrio entre o seu autoconhecimento e autoestima e o seu sentido de pertença ainda não está desenvolvido?
Relativamente fácil de detetar: apagamento do próprio, da sua identidade, o medo de emitir uma opinião, de expressar uma vontade, estar calado, nunca opinar, etc., ou, no extremo oposto, ter tentações narcisistas de “eu tenho sempre razão”, de não querer escutar os outros, não lhes dar tempo para se expressarem ou nunca mudar de opinião porque nunca leva em linha de conta os argumentos dos outros. Qualquer destas situações: apagamento e falta de personalidade, de um lado, e egoísmo e narcisismo, do outro. Cabe-nos a nós, adultos, pais e educadores, sermos os moderadores, airbags, chame-se o que se quiser, que pode desenvolver, incrementar e, se necessário, restaurar o equilíbrio.
E quais os comportamentos mais comuns numa criança que ajudam os pais a identificar o equilíbrio neste binómio das dimensões de pertença e individualidade?
Se os pais estiverem atentos, consumirem tempo a observar e contemplar os filhos, os escutarem e analisarem, podem entender se eles, por um lado, se mantêm ligados aos outros elementos da família, mas, por outro, vão cultivando os seus gostos, os seus momentos, o prazer de brincar sozinhos (tal e qual o prazer de jogar com os outros). No fundo, se pensarmos agora relativamente a cada um de nós, não foi e não é assim? Temos os “nossos” momentos, mas gostamos de estar com outros. É tão saudável…, mas, por vezes, não parece fácil, sobretudo se a razão for não nos sentirmos incentivados a estar com os outros porque nos sentimos inferiorizados ou que não estamos numa relação de parceria e igualdade. Aí podemos reagir, tentando impormo-nos, ou recuarmos e ficarmos “na sombra”.
“It’s Christmas, Rise Together” enquadra-se no propósito da Zippy de desenvolver campanhas que procuram temáticas e mensagens que promovam o desenvolvimento das crianças e que, de alguma forma, nutrem uma jornada de crescimento significativa nos mais pequenos.
Nas palavras da Head of Brand & Creative, Filipa Bello: “Numa época como o Natal, e dentro dos diversos temas que são importantes no processo de crescimento das crianças, com o apoio do Dr. Mário Cordeiro, chegámos a este conceito que transmite a mensagem de importância do equilíbrio do binómio das dimensões pertença e individualidade. Esta é uma questão importante no processo de crescimento e desenvolvimento das crianças, uma vez que, influencia a sua autoestima, as suas habilidades sociais e a sua capacidade de se relacionar com os outros”.
Este Natal, let’s rise together!