O País tem vivido os últimos dias sob o sobressalto das escutas efetuadas, transcritas, validadas – e “libertadas” (ilicitamente) pelo Ministério Público, ou por alguém com acesso às provas da Operação Influencer (que não os advogados, eliminados da lista de suspeitos, por nunca terem tido acesso a tais transcrições). Da Circulatura do Quadrado (histórico programa de análise política que começou, ainda nos anos 80, com outro nome, na TSF, com Carlos Andrade, Pacheco Pereira, José Magalhães e Nogueira de Brito) ao comentário dominical de Marques Mendes, toda a gente se sentiu incomodada. Aconselha-se, a propósito, ouvir o esclarecedor depoimento de Paulo Mota Pinto, ex-líder parlamentar do PSD e professor catedrático de Direito, ex-juiz do Tribunal Constitucional, subscritor do Manifesto dos 50+50 (um documento que põe o dedo na ferida dos problemas da Justiça portuguesa), no podcast da VISÃO, Golpe de Vista. Por todo o lado se tem assisitido a um crescendo de indignação que obrigou o Ministério Público (como a Terra, na sagaz perspectiva de Galileu Galilei) a… mover-se.
O e pur si muove do MP, ao anunciar um inquérito para apurar as responsabilidades sobre a fuga das escutas, terá sido uma jogada para controlar os danos, depois de o organismo liderado por Lucília Gago ter exagerado, desta vez, com uma agenda demasiado óbvia: dois dias antes da reunião informal do Conselho Europeu, que deveria discutir a candidatura de António Costa à respetiva presidência, foram divulgadas supostas fotos do dinheiro encontrado na sala do ex-chefe de gabinete de Costa. Fotos que existiam, presumivelmente, desde 7 de novembro do ano passado, e que parecem ter sido guardadas para uma ocasião propícia… Repare-se que fora o próprio MP a esclarecer, no dia das buscas, que aquele dinheiro – cuja situação terá sido, entretanto, regularizada – nada tinha a ver com o processo Influencer! E no próprio dia em que a reunião decorreria, em Bruxelas, surgiram as escutas de uma conversa telefónica, alegadamente comprometedora – mas apenas do ponto de vista político! – entre António Costa e o ministro João Galamba, sobre a demissão da ex-CEO da TAP, a francesa Christine Ourmières-Wiedener.
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