Redução dos impostos, IRC de 21% para 15% em três anos, regulação da imigração, combate ao cibercrime e até criação do ensino artístico: as reformas estruturais são “para começar já” e Luís Montenegro escolheu o momento da tomada de posse para fazer um discurso que dificilmente não repetirá, quando tiver de apresentar o programa do Governo, na Assembleia da República. Uma a uma, com mais ou menos pormenor, percorreu praticamente todas as áreas governativas e ainda teve fôlego para, de peito cheio, mandar recados à oposição. Ou por outra, ao PS, exigindo compromissos que não pediu ao Chega, força política que ignorou completamente, provocando uma reação amuada de André Ventura. No final da cerimónia, o líder do Chega terminou as suas declarações aos jornalistas dizendo: “Boa sorte para o PSD e para o PS…”
O discurso da tomada de posse, que durou cerca de meia hora, foi extenso e repetitivo (já o tínhamos ouvido, recorrentemente, na campanha eleitoral) e teve todo o perfil de uma intervenção no Parlamento, perante interlocutores que não estavam lá, como Pedro Nuno Santos: ” O Partido Socialista deve ser claro e autêntico sobre a sua atitude: ou oposição democrática ou bloqueio democrático“. Na mesma senda de recados, o primeiro-ministro afirmou que a não rejeição do programa do Governo, não significando adesão a esse mesmo programa – “não é um cheque em branco” -, implica, porém, um compromisso para que – e aqui recupera uma expressão de Cavaco Silva… – “nos deixem trabalhar” e, portanto, também não é “um cheque sem cobertura”. Na visão de Montenegro, o Governo dura os quatro anos da legislatura ou, no limite, poderá cair na sequência de uma moção de censura. Mas nunca se referiu ao próximo Orçamento do Estado o que pode significar uma ênfase em transmitir que nem lhe passa pela cabeça que possa ser rejeitado ou, mais prosaicamente, um chumbo do Orçamento não implica, necessariamente, a demissão do Governo.
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