“Não importa quem seja, não podemos – e não vamos – normalizar uma conduta criminosa grave.” Foi com frases como esta que Alvin Bragg, que se gaba de ter sido o primeiro procurador a ter uma arma apontada, anunciou que Donald Trump vai responder por 34 crimes de falsificação de documentos, ligados ao suborno de pessoas detentoras de informações que podiam prejudicar a imagem do antigo Presidente nas eleições de 2016 (uma delas, a ex-atriz pornográfica Stormy Daniels, que terá sido paga pelo advogado Michael Cohen). O processo – que dá pelo número 71543-23 e foi designado como “o povo do estado de Nova Iorque contra Donald J. Trump” – está sustentado não nos pagamentos, mas na alegada violação das leis de financiamento de campanhas eleitorais.
Durante a sua estada em Nova Iorque, para se apresentar no tribunal distrital de Manhattan, Trump acenou, mas apenas se pronunciou através das redes sociais: “Parece tão SURREAL, WOW, eles vão prender-me. Não acredito que isto está a acontecer na América.” Depois de ouvir as acusações, o antigo Presidente declarou-se inocente, embora não tenha feito quaisquer declarações à Imprensa. Seis horas depois, em Mar-a-Lago, num discurso que durou 25 minutos, Trump já falou, dando início aquele que poderá ser visto como o primeiro dia da campanha para as presidenciais 2024: dos assuntos internos à política externa, da economia americana à saída do Afeganistão, percorreu os temas principais da campanha. Sem surpresas, disse estar preocupado em “defender a nação”, observa “nuvens negras” sobre “o nosso querido país”, defendeu que a Justiça está “fora da lei” e acusou o Partido Democrata de perseguição: “Este caso apenas foi trazido para interferir com a campanha de 2024.”