“Já não tenho mais energia”. De forma clara e com a autenticidade emocional que sempre a caraterizou, Jacinda Ardern anunciou na última madrugada, aos 42 anos, que vai desistir do cargo que exercia desde 2017 e que a transformou numa das políticas mais admiradas do planeta: a chefia do governo da Nova Zelândia. “Simplesmente, já não tenho mais energia suficiente no depósito para aguentar mais quatro anos”, confessou numa reunião do Partido Trabalhista, que lidera, perante a incredulidade dos presentes- que vão ter agora de encontrar um substituto para as próximas legislativas, entretanto, convocadas para 14 de outubro.
Para já, o que parece evidente é que Jacinda Ardern se prepara para sair de cena com o mesmo estilo que caraterizou a sua inesperada ascensão ao cargo de primeiro-ministra, quando tinha apenas 37 anos: uma comunicação baseada na empatia e na verdade, sem medo de mostrar emoções ou até fraquezas. Foram essas qualidades que, nos tempos pré-pandemia e antes da guerra na Ucrânia, fizeram da neo-zelandesa o exemplo de uma forma diferente de fazer política. Por isso, a sua popularidade ultrapassou em muito as fronteiras do longínquo país de apenas cinco milhões de habitantes. A sua notoriedade cresceu em flecha quando conseguiu demonstrar todo o seu poder de liderança na forma como reagiu ao ataque terrorista, em março de 2019, a duas mesquitas, na cidade de Christchurch, em que um atirador solitário matou 51 pessoas, enquanto transmitia o massacre em direto através das redes sociais.