O advogado e político republicano Rudolph Giuliani tornou-se, recentemente, (tristemente?…) célebre ao representar Donald Trump em causas perdidas, como a da tese da fraude eleitoral, nas eleições de 2020. Mas, entre 1994 e 2001, ele tinha-se afirmado como um autarca carismático – e polémico -, na qualidade de presidente da Câmara de Nova York. Mal comparado, pela verve e pela imponência, poderíamos “aparentá-lo” com Nuno Krus Abecassis (antigo presidente da CML, pelo CDS). Uma das mais celebradas medidas do seu consulado foi o da política do “vidro partido” ou, melhor, a do “broken windows theory”. Segundo esta teoria, a vigilância sobre um pequeno crime permite evitar crimes maiores. Um vidro partido num carro, no Bronx, que não fosse imediatamente removido e/ou substituído, servia de incentivo para que, a seguir, desaparecesse o rádio e, finalmente, as quatro rodas… Com uma vigilância constante, 24 sobre 24 horas, sobre os mais pequenos atos de vandalismo ou pequena criminalidade, tudo apoiado em brigadas de ação rápida para imediata intervenção, terá contribuído, ao menos ao nível da perceção dos cidadãos, para uma maior sensação de segurança.
Esta quarta-feira, o Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, que tinha sido vandalizado três dias antes, apareceu limpo. O mínimo que se pode dizer é que a capacidade de reação da Câmara da capital, talvez potenciada pelo ano de eleições, vai no bom caminho. Mas não é suficiente. A limpeza veio tarde, muito depois de as imagens terem corrido mundo. Numa cidade ideal, na própria manhã em que o Padrão apareceu com as horrendas pichagens, a “obra” teria sido encoberta com tapumes-biombo (para ninguém ver) e a reparação imediatamente realizada, discretamente, e sem publicidade.
VISÃO DO DIA: A política do ‘vidro partido’
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