Bastam quatro medalhas olímpicas e tudo muda nos discurso, nas perceções, nas críticas ou nos elogios. De repente, voltámos a ser os maiores e o desporto português vive os seus dias máximos de glória. Depois do ouro de Pedro Pablo Pichardo (a somar à prata de Patrícia Mamona e aos bronzes de Jorge Fonseca e de Fernando Pimenta) até parece que os Jogos já acabaram, que o balanço está feito, que bater o recorde de medalhas já é mais do que suficiente, que a missão portuguesa, enfim, até já pode fechar a loja e celebrar Tóquio 2020 como os melhores Jogos de sempre.
A verdade é que os Jogos não acabam aqui. Os Jogos, aliás, nunca acabam – sucedem-se, sim, uns a seguir aos outros, de quatro em quatro anos (os próximos dentro de apenas três, pelas razões conhecidas). Por isso, se nos sentarmos agora todos à sombra da glória destas medalhas, ficaremos a mercê de voltar aos resultados do costume já em Paris 2024.
Os nossos medalhados foram os primeiros a ter a perceção exata desse risco. Todos eles, sem exceção, nas declarações que fizeram após terem subido ao pódium foram unânimes a afirmar que já tinham os olhos postos nos próximos Jogos Olímpicos. É em Paris 2024 que Jorge Fonseca e Fernando Pimenta querem conquistar o ouro que agora desejavam, mas lhes escapou; é em Paris 2024 que Pedro Pablo Pichardo quer cimentar o seu domínio no triplo-salto, de preferência já detentor do recorde mundial; e é em Paris 2024 que Patrícia Mamona quer continuar a surpreender as suas adversárias mais altas, porque ela, de facto, não concebe uma vida de atleta sem que se renovem sempre os objetivos a alcançar. E facto importante: são objetivos partilhados e delineados com os seus treinadores que, em todos estes casos, os acompanham desde crianças.
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